Cento e doze pessoas do Núcleo Oeste do Paraná da Rede Ecovida de Agroecologia participaram das atividades de formação para o controle biológico de formigas-cortadeiras em sistema de produção agroecológico com o método homeopático. Realizadas nos municípios de Foz do Iguaçu, Missal, Mariluz, Querência do Norte, Marechal Cândido Rondon, Toledo e Cascavel, as oficinas compõem o plano de trabalho do projeto de pesquisa estruturado pelo núcleo, para a implementação de unidade de referência de bioinsumos, vinculado ao projeto Innova Ecovida.

Demanda antiga e que envolve um grande número de  famílias agricultoras, o controle de formigas-cortadeiras é uma necessidade urgente em razão dos prejuízos causados ao  desenvolvimento das culturas de interesse e sua capacidade produtiva.

Assim, a formação através do método homeopático, buscou construir junto com as famílias, o entendimento e a interpretação dos desequilíbrios no agroecossistema que interferem também sobre a dinâmica de vida das formigas-cortadeiras. Além de ampliar a capacidade de qualificação prática do manejo sobre um problema recorrente nas unidades de produção, a atividade formativa promove a autonomia das famílias, para que elas mesmas possam aplicar e seguir o método de controle.

A partir do planejamento conjunto das ações com as pessoas integrantes do Núcleo Oeste do Paraná, a formação foi dividida em duas etapas. A primeira, com a apresentação e o estudo teórico, consistindo na realização de oficinas regionais que contemplaram os coletivos de famílias por proximidade, envolvendo também pessoas de municípios vizinhos aos locais de realização da atividade. A segunda etapa promoveu a parte prática, com visitas de monitoramento e orientações dos resultados obtidos nas propriedades.

De acordo com Valdeilson Almeida, assessor técnico da FLD, é fundamental levar em consideração a importância ecológica de todas as espécies para os ecossistemas e assim, buscar métodos de controle e tratamento que contemplem a manutenção e o equilíbrio dos ambientes. “Buscando entender o todo de um agroecossistema familiar, veremos a formiga como parte dinâmica e importante da diversidade biológica. Assim, sendo parte do sistema, ela não deve ser encarada como algo que devemos exterminar, mas sim como um organismo que também está em desequilíbrio e que precisa de manejo para conviver em perfeita harmonia com o todo. A homeopatia surge como real possibilidade de intervenção na cura de sistemas desequilibrados, quer no seu todo ou em parte. Ela sempre busca pela vida e nunca pela morte”, explica Valdeilson.

Luci Andreghetti dos Santos, agricultora agroecologista do município de Foz do Iguaçu (PR), que participou das formações salienta que as atividades foram muito importantes, visto a grande dificuldade que as famílias encontram para o controle das formigas, mas principalmente para que pudessem entender o conjunto da propriedade e como tudo está interligado. “Nós sabemos que essa problemática vem de um desequilíbrio, pela forma como estamos conduzindo as plantas, o solo, não respeitando a sazonalidade, o pousio e com isso todo o ecossistema está mudando. Por isso, também as formigas estão atacando mais do que o normal, fazendo reservas, se prevenindo e se reproduzindo mais. Essa problemática está interferindo na produção e o curso foi pensado para dar conta desta demanda. Os resultados foram visíveis porque fez com que olhássemos a propriedade na sua integralidade e vimos que inclusive as formigas são nossas parceiras e que elas também estão sofrendo com esse desequilíbrio. Conseguimos nos colocar como parceiros integrados dentro da propriedade e como parte do todo, não olhando os elementos como partes independentes, mas considerando o sistema todo como parceiro“, explica.

Homeopatia vegetal

A Homeopatia em vegetais é a ciência que surgiu a partir da homeopatia clássica, que se apropria do princípio ‘semelhante cura semelhante’ e onde o controle das enfermidades é feito com o próprio agente causador.

Essa ciência permite fazer tratamentos e manejos de pragas, doenças e parasitas em plantas, animais, solo e água. E o mais importante é que a homeopatia proporciona a produção de alimentos sadios e fortalece a dinâmica da resiliência e do equilíbrio do agroecossistema familiar.

Em 2014, a Instrução Normativa nº 17 do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) reafirmou a homeopatia como tecnologia sustentável no campo da cultura orgânica, sem restrições para uso, tendo validade legal até a atualidade.

Abrangência

Participaram das oficinas agricultoras e agricultores dos municípios de Foz do Iguaçu, Santa Terezinha do Itaipu, São Miguel do Iguaçu, Matelândia, Missal, Ramilandia, Mariluz, Querência do Norte, Monte Castelo, Maringá, Marechal Cândido Rondon, Mercedes, Toledo, Maripá, Tupanci, Cascavel e Santa Tereza, todos no estado do Paraná.

Projeto Innova Ecovida

O projeto Innova Ecovida é executado pela Fundação Luterana de Diaconia (FLD), com a Rede Ecovida de Agroecologia e compõe o programa global ‘Organizações de agricultores líderes em pesquisa e inovação em agroecologia para sistemas alimentares sustentáveis”, chamado de FO-ledR&I. O projeto é apoiado pela União Europeia (UE) e Organização de Estados da África, Caribe e Pacífico (OACP), por meio do instituto Infocos Agri-Agência.

#FLD #CAPA #RedeEcovida #SoberaniaAlimentar #FOLedResearch #Agroecología #InvestigaciónFOLed #AgriculturaParaElFuturo #AgricultoresInnovanJuntos #SeguridadAlimentaria

Texto Assessoria de Comunicação FLD
Fotos Valdeilson Almeida