Foi realizado, entre os dias 3 e 5 de novembro, em Maringá (PR), o 12º Encontro Ampliado da Rede Ecovida de Agroecologia (EARE), com o tema “Agroecologia e Democracia; Protagonismo popular e práticas agroecológicas: respeitando vidas e promovendo diversidades”.

O encontro foi sediado pela Escola Milton Santos de Agroecologia e organizado pelos núcleos Libertação Camponesa, Peroba Rosa e Arenito Caiuá  e é um dos eventos mais importantes do movimento agroecológico, reunindo caravanas de todos os núcleos da Rede Ecovida de Agroecologia.

Realizados a cada dois anos, desde o início dos anos 2000, os encontros ampliados reúnem integrantes dos núcleos que compõem a Rede Ecovida nos três estados do sul do Brasil, que participam de um amplo espaço de troca de experiências e tomada de decisões com relação aos rumos da Organização.

Neste ano, o encontro reuniu cerca de 700 pessoas. Destas, a grande maioria são agricultoras e agricultores que organizam em suas regiões o processo de certificação participativa dos sistemas produtivos de alimentos orgânicos. Participaram também instituições de assessoria, parceiros nacionais e internacionais e demais entidades apoiadoras da agroecologia.

Para Maria das Dores Corrêa Garcia, agricultora agroecologista do Núcleo Serramar, inserida em uma unidade de referência (UR) de pesquisa de sementes, o EARE é um divisor de águas para as famílias agricultoras familiares. 

“A riqueza do EARE é de diversidade, igualdade e de modos de vida em todos os sentidos. A valorização do trabalho que desenvolvemos há gerações, como na minha família, que produz as próprias sementes para manter a nossa autonomia. Senti de perto o quanto precisamos ouvir as agricultoras e agricultores nas bases, nos grupos e núcleos”, completa Maria das Dores.

A Fundação Luterana de Diaconia – Centro de Apoio e Promoção da Agroecologia (FLD-CAPA) participou do evento com a presença de colegas dos programas do CAPA Pelotas, CAPA Santa Cruz do Sul, CAPA Erexim, CAPA Verê e CAPA Marechal Cândido Rondon, junto com as agricultoras e agricultores dos núcleos Ecovida em que está inserida e assessorando.

Oficinas

Um dos destaques do EARE são as oficinas. Ao total foram realizadas 39 atividades simultâneas que buscaram evidenciar os acúmulos de conhecimentos, das diferentes temáticas que permeiam a materialidade de trabalho e organização da rede. Esse espaço se caracteriza como um importante momento para seguir o caminhar de forma coletiva, solidária e com intensidades, visto que articula o conjunto de experiências, inovações e desafios que estão sendo trabalhados e que movem a vida agroecológica das famílias.

Protagonismo

O Projeto Innova Ecovida, que tem como objetivo fortalecer os processos de inovação protagonizadas pelas famílias agricultoras, esteve inserido nesta atividade, mobilizando suas unidades de referência, que tem conduzido uma série de práticas de pesquisa, envolvendo as temáticas de sementes e mudas de hortaliças, SPDH e Bioinsumos, para compartilhar o caminhar do processo de construção social dos conhecimentos e de seus principais acúmulos que estão sendo gerados.  

“É preciso ter um caminhar conjunto para a estruturação de  uma base forte e consistente de cada temática, com capacidade de compartilhar acúmulos e ao mesmo tempo internalizar os desafios do trabalho, que emergem das diferentes realidades. Dessa forma, seguirmos avançando com intensidades e potencial de incidência sobre os processos produtivos e de vida das famílias agroecologistas de forma articulada, fortalecendo assim a organização social da Rede Ecovida”, conta o coordenador técnico do Innova Ecovida e assessor da FLD-CAPA, Luiz Hartmann.

O EARE proporcionou troca de experiências entre as pessoas participantes, assim como debates sobre diferentes aspectos da produção agroecológica de alimentos, sua certificação, legislação, comercialização, atuação de juventudes e mulheres, entre outros.

Coordenação da Rede Ecovida

A Coordenação da Rede Ecovida de Agroecologia é composta por doze pessoas, sendo quatro representações de cada um dos estados da região sul do Brasil, respeitando a equidade de gênero, em processo realizado durante os encontros ampliados.

Para a próxima gestão (2024-2025), pelo RS, assumiu o assessor técnico de FLD-CAPA, Zamir Cardoso, pelo Núcleo Sul. A coordenação pode permanecer por dois períodos, com dois anos cada um.

“A coordenação da Rede é um desafio bastante grande. Hoje, a Rede Ecovida se caracteriza como uma das maiores certificadoras participativas do Brasil, com um papel de destaque, o que aumenta a responsabilidade. Agricultoras e agricultores enxergam na rede um modelo descentralizador, com compromisso ético, responsabilidade social e uma forma diferente de certificar os seus produtos”, conta.

Projeto Innova Ecovida

O Innova Ecovida compõe o programa global “Organizações de agricultores líderes em pesquisa e inovação em agroecologia para sistemas alimentares sustentáveis”, chamado de FO-ledR&I, que também contempla ações no Uruguai, executadas pela Comision Nacional de Fomento Rural (CNFR). O projeto é financiado pela União Europeia (UE) e Organização de Estados da África, Caribe e Pacífico (OACP), por meio do instituto Cresol Agri-Agência.

Promover pesquisa e inovação e investir fortemente em formação são os dois principais objetivos do projeto Innova. A formação é realizada através de atividades como cursos, oficinas, dias de campo, seminários, reuniões e encontros.

Texto: Assessoria de Comunicação FLD

Fotos: Luiz Hartmann | FLD