Famílias kilombolas, comunidades indígenas e da agricultura familiar da área de atuação de FLD-CAPA na região de Pelotas (RS), fazem o trabalho de guardiãs de sementes tradicionais, para a preservação da sociobiodiversidade, autonomia das famílias e também para manter e passar adiante conhecimentos tradicionais envolvidos nesse processo.
O cultivo de sementes tradicionais, àquelas cultivadas e cuidadas ao longo de várias gerações, selecionadas através do tempo e adaptadas aos locais de cultivo – é um trabalho fundamental para manter a variabilidade genética destes materiais. Nas últimas décadas, em razão do aumento do cultivo de sementes híbridas e transgênicas, muitos materiais tradicionais se perderam, e em muitos casos, essa perda é irreversível, pois deixaram de ser cultivadas.
FLD-CAPA, ao longo dos anos, tem trabalhado o resgate, a experimentação e a multiplicação de diversos materiais como milhos, feijões, batata doce, batata inglesa, mandioca, cebola, hortaliças, entre outros. Esta ação é realizada junto às famílias do território sul do Rio Grande do Sul, que tem essa aptidão e hábito e já cultivam seus próprios materiais.
O assessor técnico, Márcio Moralles destaca a importância desse trabalho para garantir que esses materiais não desapareçam definitivamente. “Entendemos que a preservação e multiplicação destes materiais é de grande importância, bem como a prática da troca de sementes, garantindo dessa forma que mais famílias tenham acesso e possam experimentar e cultivar as mesmas em suas comunidades”, explica.
A perda da biodiversidade, das sementes, dos cultivos de espécies alimentares tradicionais e não convencionais e de raças de animais são problemas presentes nos territórios de atuação em função das mudanças climáticas, dos sistemas integrados de produção e da contaminação genética. As mudanças dos hábitos alimentares com a inclusão cada vez maior de produtos processados e ultraprocessados, ricos em produtos químicos, sódio e açúcar e pobres em nutrientes, tem aumentado o índice de doenças, principalmente em crianças e adolescentes das populações mais vulneráveis aumentando a desnutrição, obesidade e outras doenças crônicas.
Fotos: Márcio Moralles/FLD-CAPA