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Feijão preto, Agroecológico e Kaingang
22 de março de 2022 Comunicação FLD

O trabalho de assessoria e acompanhamento às comunidades indígenas realizado pelo Centro de Apoio e Promoção da Agroecologia (CAPA) busca a segurança alimentar, soberania nutricional, preservação ambiental, geração de renda e o direito à terra.

Para contribuir com as famílias no enfrentamento à fome, são fornecidas cestas de alimentos. Mas o trabalho em prol da segurança alimentar continua por meio do fornecimento de insumos ecológicos, como composto e pó de rocha, sementes e mudas para a implantação de hortas, pomares e quintais agroecológicos. Esses espaços cultivados são capazes de prover frutas e hortaliças ao longo do ano, assim como mandioca, batata-doce, milho e feijão. Alimentos esses que são altamente nutritivos e compõem uma estratégia de segurança alimentar e nutricional.

Uma vez mitigadas as demandas de fome imediata e a disponibilidade de alimentos para as famílias mais fragilizadas é o momento de viabilizar a geração de renda junto às famílias que têm condição e capacitação de acessar as feiras municipais e fornecer alimentos para o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), mercados, cooperativas, entre outros.

Esse é o caminho que vem sendo trilhado pelo casal Paulo Gregório e Jocemara Ferreira de Campos, da reserva Kaingang Toto (toto significa borboleta na língua Kaingang), do distrito de Júlio Borges, município de Salto do Jacuí (RS). Além de produzirem para sua segurança alimentar, há quatro anos realizam feira aos sábados na cidade de Salto do Jacuí, e, há cinco anos, são fornecedores do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA). Os produtos comercializados são feijão, mandioca, batata-doce, amendoim, repolho, couve, rabanete, beterraba, tomate, pepino, milho verde, abóbora, moranga, melancia e temperos verdes.

Em fevereiro deste ano, Jocemara e Paulo comercializaram 360 kg de feijão preto orgânico com a Cooperativa Regional de Agricultores Familiares Ecologistas (Ecovale).

Paulo da comunidade Kaingang Toto

A Ecovale, além de comercializar o feijão na sua loja em Santa Cruz do Sul, vai fornecê-lo em 144 cestas de ajuda humanitária para comunidades kilombolas e indígenas.

Assim, organizadas e organizados em uma rede solidária e cooperativada, tendo as pessoas da próprias comunidades como protagonistas, podemos trabalhar em conjunto para mitigar a fome imediata e oportunizar espaços para geração de renda através da produção agroecológica, sem perder de vista a luta pelo garantia e reconhecimento das terras indígenas, pois a partir delas é que a vida se torna possível.

Trabalhamos e torcemos por mais exemplos como o de Paulo e Jocemara.

 


* Artigo de autoria de Luiz Rogério Boemeke, engenheiro Agrônomo do CAPA Santa Cruz, e foi publicado na edição de março do Jornal da Certel

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