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Sementes, cultivo e quatro novas feiras ecológicas
21 de setembro de 2020 Núcleo Marechal C. Rondon

O Programa Sementes Banrisul atendeu à solicitação do CAPA/Núcleo Pelotas/RS possibilitando a distribuição de 1500 kits de 17 sachês diversos que serão entregues nas comunidades até o final de setembro.

Indígenas Guaranis, kilombolas e famílias agricultoras, entre elas pomeranas, já receberam o kit de sementes agroecológicas produzidas pela BIONATUR, de Candiota.

Além das sementes, técnica e técnicos do CAPA orientam o cultivo ecológico e organizam a comercialização, tanto em pontos de venda quanto na criação de novas feiras com oferta direta à população urbana.

“Nos próximos meses serão inauguradas quatro novas feiras”, revela Márcio Morales, da equipe do núcleo Pelotas.

“Em poucos meses, o conjunto de ações do CAPA Pelotas junto à agricultura familiar fecha um ciclo que inicia na distribuição de sementes, passa pela assistência técnica na produção e chega à disponibilização desses alimentos nas feiras ecológicas, com venda direta a habitantes das cidades”, contextualiza  Márcio Marcelo Garcia Morales, agrônomo e técnico do núcleo Pelotas.

Entidades, com a assessoria do CAPA, solicitaram ao programa Sementes Banrisul, que distribui kits de sementes orgânicas, benefícios a três cooperativas e uma associação kilombola. “Encaminhamos as propostas em abril e no final de junho, para nossa satisfação, todas foram aprovadas, abrangendo 1502 famílias”, conta Márcio.

Segundo ele, um kit de sementes com 17 sachês pode produzir 1193 unidades e 749,50 quilos de produtos equivalente à R$ 3.582,00. Esses alimentos tanto podem atender a necessidade de consumo das famílias agricultoras quanto podem ser vendidos em mercados ou nas feiras ecológicas.  

Resultado da construção coletiva também junto aos governos locais, nos próximos meses serão implantadas quatro novas feiras. Em 14 de outubro inicia a feira do grupo Serra do Tapes/Arroio do Padre, na avenida República do Líbano, em Pelotas. “Em breve teremos a Feira Kilombola, no largo do Mercado Público de Pelotas, e as feiras nos municípios de Morro Redondo e de Turuçu, que receberam recursos do Ecoforte – Rede CAPA de Agroecologia”, afirma ele.

Diversidade de etnias e de cultivos para substituir o tabaco

Entre as famílias agricultoras que recebem os kits do programa Sementes Banrisul, 23 são indígenas da etnia Guarani, 415 são kilombolas, 33 são de produção agroecológica e 1031 famílias, da agricultura familiar. Destas, muitas são pomeranas que tradicionalmente cultivam tabaco nas suas propriedades.

Sobre o tabaco, a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) propõe a diminuição de seu uso em duas frentes. A primeira é o consumo de cigarros e a outra é oportunizar a agricultoras e agricultores que fazem esse cultivo novas possibilidades de renda, conforme artigos 17 e 18 da Convenção Quadro, ratificada pelo Brasil.

Seguindo a recomendação da FAO, a Agência Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural (Anater) realizou a chamada pública 007/2018 – Ações para diversificação produtiva em áreas cultivadas com tabaco. FLD/CAPA responderam esse edital e passaram a atender 960 famílias nos municípios de Canguçu, São Lourenço do Sul, Pelotas, Amaral Ferrador, Arroio do Padre e Turuçu.

“Essas famílias estão na fase de transição do cultivo convencional, com uso de adubos químicos e agrotóxicos, para a produção agroecológica”, explica Márcio. Muitas delas integram as três cooperativas que receberam as sementes do Banrisul: a CAFSul (Cooperativa de Apicultores e Fruticultores da Zona Sul) de Pelotas, a Coopar (Cooperativa Mista dos Pequenos Agricultores da Região Sul LTDA ) de São Lourenço do Sul e a Cooperativa União dos Agricultores Familiares de Canguçu

Conjuntura política ameaça continuidade do trabalho

A vigência da chamada pública da Anater  encerra em dezembro de 2020 “e não há nenhum indicativo governamental de que exista uma próxima chamada para dar continuidade ao trabalho”, revela Márcio que presta assistência técnica às 96 famílias que anteriormente produziam principalmente fumo.

Já o Programa Sementes Banrisul, que existe desde 2008 e tem por objetivo orientar estilos de agricultura de base ecológica e estratégias de desenvolvimento rural sustentável distribuindo sementes agroecológicas, foi criado na Unidade de Negócios Rurais. “Caso o Banrisul seja privatizado, com certeza o Programa Sementes deixa de existir”, afirma Simone Azambuja, a mentora e criadora do Programa.

Nas próximas eleições dê seu voto a pessoas que conhecem, acreditam e defendem a Agroecologia, para garantir recursos e projetos em prol de pequenas comunidades, da saúde e da preservação da vida na Terra.

Texto: Cláudia Dreier para o Jornal Recado da Terra, Edição Primavera 2020
Foto: Márcio Morales

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