Famílias agricultoras e camponesas respondem à pandemia demonstrando a solidariedade da prática agroecológica
Produtos livres de agrotóxicos saídos direto da roça das famílias agricultoras e camponesas vão para o prato de pessoas em vulnerabilidade social no Oeste do Paraná.
No último dia 17, quatro toneladas de alimentos produzidos de maneira saudável por assentamentos e acampamentos do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) foram doados em Cascavel, Matelândia, Catanduvas, São Miguel do Iguaçu e Santa Tereza do Oeste.
Outra ação solidária ocorreu no dia 11 de abril, quando duas toneladas de alimentos foram doadas pelas famílias Sem Terra a aldeias indígenas guaranis de Guaíra e Terra Roxa.
Já as famílias camponesas e agricultoras ligadas às cooperativas da Reforma Agrária e Agricultura Familiar (Copcraf) e de Industrialização e Comercialização Camponesa (Coopercam), e também à Associação Central de Produtores Rurais e Ecológicos (Acempre), reorganizaram seus planejamentos produtivos para continuar atendendo as demandas do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE).
No dia 15 de abril, a Acempre entregou à Prefeitura de Marechal Cândido Rondon 560 cestas de alimentos orgânicos. A produção das famílias continuará sendo fornecida às escolas municipais a cada 15 dias enquanto perdurar a pandemia.
Camponesas e camponeses do Assentamento Ander Rodolfo Henrique, em Diamante D’Oeste, entregaram à Coopercam quatro toneladas de alimentos agroecológicos no dia 5 de abril. A quantia também foi repassada pela cooperativa, por meio do PNAE, a diversos municípios da região.
Assessoria Técnica
Em todas essas ações, as famílias continuam contando com o Centro de Apoio e Promoção da Agroecologia (CAPA). A equipe técnica que atua no núcleo de Marechal Cândido Rondon em toda região Oeste continua realizando seu trabalho para que a produção de alimentos agroecológicos não pare. Grande parte do trabalho de assistência técnica rural é feito em parceria com a Itaipu Binacional.
“As ações do CAPA estão sendo articuladas e organizadas junto às famílias mesmo à distância. Não estamos presentes fisicamente, mas por meio de outras possibilidades e ferramentas”, garante o coordenador adjunto do CAPA Rondon, Jhony Luchmann.
Saúde, Segurança Alimentar e Modelo Agrícola
Em meio à pandemia da Covid-19, agroecologistas têm denunciado os impactos da agricultura industrial ao ecossistema. Ao mesmo tempo, as famílias agricultoras e camponesas demonstram com suas ações, como as listadas acima, que a Agroecologia é uma alternativa concreta ao modelo de produção agrícola industrial, que tem causado cada vez mais danos à saúde das pessoas e ao meio ambiente.
Segundo Clara Inés Nicholls e Miguel Altieri, em artigo recente publicado no jornal Brasil de Fato, “os monocultivos em grande escala ocupam em torno de 80% dos 1,5 bilhões de hectares dedicados à agricultura em todo o mundo. Devido sua baixa diversidade ecológica e homogeneidade genética, são muito vulneráveis às infestações de plantas daninhas, invasões de insetos e epidemias de doenças, e recentemente às mudanças climáticas”.
Para o coordenador adjunto do CAPA Rodon, Jhony Luchmann, a prática agroecológica é uma resposta à Covid-19 e a outras doenças por oferecer alimentos saudáveis, que contribuem para a melhora da saúde e da qualidade de vida das pessoas. “Com alimentos saudáveis e diversificados à mesa, as pessoas têm a possibilidade de ter melhora significativa na sáude e, por consequência, na qualidade de vida”, afirma Luchmann.
Texto: Diangela Menegazzi
Fotos: Eliana de Oliveira / Arquivo Copcraf e Coopercam