“A ideia de instalar um Quintal Orgânico junto à escola na comunidade Kaingang Gajykrehã nasceu a partir de uma visita ao local e do diálogo com professoras e com o secretário da escola, Ezequias Padilha, sobre a melhoria da alimentação naquela comunidade”, explica o engenheiro agrônomo Sighard Hermany, da equipe técnica do CAPA/Núcleo Santa Cruz do Sul/RS. “O CAPA já fazia um trabalho em educação para promoção da saúde nessa escola, localizada no Horto Florestal da CEEE, em Salto do Jacui.”
Durante a visita, o secretário mostrou o plantio de árvores nativas, já realizado e manifestou o interesse pelo cultivo de frutíferas. “A partir desse momento fomos em busca das mudas. Tínhamos conhecimento do Projeto Quintais Orgânicos da EMBRAPA, em parceria com as Escolas Famílias Agrícolas, onde conseguimos incluir um quintal para a comunidade Gajykrehã”, conta Sighard.
Composto por 92 mudas, entre frutíferas comuns e nativas, além de chás e sementes de milho e feijão, o projeto recebeu o apoio do Conselho de Missão entre Povos Indígenas (COMIN) e do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA) para obter o pó de rocha para adubação, que é utilizado juntamente com esterco curtido e cinzas.
O plantio foi realizado com ajuda do estagiário Daniel Oliveira, da Escola Família Agrícola de Vale do Sol, e com intensa participação de docentes e das crianças da escola, pois as atividades com horta e pomar fazem parte do projeto pedagógico da instituição de ensino.
Crianças participaram da instalação e dos cuidados do quintal em todas as etapas, demonstrando alegria e interesse, desde o plantio das mudas, a colocação de água, os cuidados durante todo o seu desenvolvimento até a colheita.
Por iniciativa do professor responsável, foram plantadas, nos espaços entre as frutíferas, sementes de abóboras, melancias, melões e milho. “Além de cobrir os espaços entre as mudas, os seus frutos já foram saboreados pelas crianças e as abóboras, destinadas para produção de doce para a merenda”, narra o agrônomo.
O Quintal Orgânico além de contribuir para melhoria alimentar, nutricional e alegria das crianças da escola, também já despertou o interesse de outras pessoas da comunidade Gajykrehã, que solicitaram sementes do milho, abóboras, melões e melancias para cultivarem nos seus quintais.