Carla Gonçalves, mulher agricultora assentada da reforma agrária, foi a primeira pessoa a receber o certificado de produção orgânica da Rede Ecovida de Agroecologia, no município de Mariluz, Noroeste do Paraná.
“Foi uma luta e tanto, mas com muito trabalho em equipe conseguimos”, destacou a agricultora agroecológica que vive no Assentamento Nossa Senhora Aparecida, ligado ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).
A área certificada na unidade produtiva de Carla é de uma agrofloresta, onde são combinados o plantio de árvores com cultivos de ciclo curto e médio, como hortaliças e mandioca. A agrofloresta começou a ser cultivada em 2020, por meio do projeto Ecoforte, e a certificação foi obtida em dezembro passado.
Reforma agrária e comida boa
A certificação orgânica e agroecológica é parte do trabalho realizado no assentamento por meio de parceria entre a Cooperativa Agrária dos Assentados do Vale do Piquiri (Cooperagra) e o programa Centro de Apoio e Promoção da Agroecologia (CAPA), da Fundação Luterana de Diaconia (FLD).
Carla e outras quatro famílias integram hoje o grupo agroecológico Cuidando e Cultivando a Vida, formado dentro do assentamento com objetivo de produzir alimentos sem a utilização de agrotóxicos e adubos químicos. Esse grupo faz parte do Núcleo Oeste do Paraná, da Rede Ecovida.
Segundo Daniela Calza, assessora técnica do CAPA que acompanha as famílias agricultoras assentadas para produção orgânica e agroecológica, há previsão de que ainda neste ano outras três unidades produtivas do assentamento sejam certificadas. “Já estamos desenhando com as famílias o plano de manejo, uma das etapas do processo de transição do cultivo convencional para o agroecológico”, explica.
Etapas para certificação
A primeira etapa da certificação de uma área é a própria decisão da família em fazer produção orgânica. A confiabilidade do trabalho desenvolvido é referendada pelo grupo local do qual a pessoa ou família faz parte. Este grupo, por sua vez, tem seu trabalho referendado pelo Núcleo Regional.
Depois, o trabalho de produção de alimentos realizado pelas pessoas e famílias que integram o Núcleo Regional são respaldados por todos os demais Núcleos da Rede Ecovida, que tem abrangência em todo Sul do país e parte do estado de São Paulo.
Da esquerda para a direita (ou de cima para baixo, na versão mobile), Janete de Lima Roque, Rosilene Salustiano e Fátima Assunção preparam suas unidades produtivas para a certificação.