As doações foram feitas às 14 comunidades Avá-Guarani localizadas no Oeste do Paraná. As famílias se encontram em situação vulnerável durante a pandemia, enquanto resistem e ainda aguardam a demarcação de suas terras
Entre os dias 1 e 3 de setembro, a equipe do Centro de Apoio e Promoção da Agroecologia (CAPA), núcleo de Marechal Cândido Rondon (PR), montou e entregou 712 Cestas Conscientes a comunidades indígenas Avá-Guarani de Guaíra e Terra Roxa, na região Oeste do Paraná. Ao todo, foram doadas 12 toneladas de alimentos e produtos de higiene e de proteção.
Paulina Martines, professora e liderança Avá-Guarani da comunidade do Tekoha Y’Hovy, disse que as doações aliviam os desafios causados pelo distanciamento social, especialmente para as mulheres que têm bebês de colo. “Essas doações estão sendo importantes, principalmente, pras mães e pras mães solteiras que a gente tem nas comunidades, porque elas são mãe e pai ao mesmo tempo. E nesse período de pandemia elas não têm mais a liberdade de trabalhar fora da aldeia, trazendo ainda mais dificuldade pra cima delas”.
A ação de ajuda humanitária é realizada por FLD (Fundação Luterana de Diaconia, COMIN (Conselho de Missão entre Povos Indígenas) e CAPA por meio de doações à Campanha Cesta Consciente e recursos do atual projeto trienal apoiado por Pão para o Mundo. A campanha tem o objetivo de minimizar os impactos da crise econômica agravada pela pandemia de coronavírus.
Segundo Jhony Luchmann, da coordenação do CAPA Rondon, além da perspectiva da solidariedade, a promoção da segurança alimentar é uma das missões do trabalho. “É importante que todas as pessoas tenham acesso à comida de qualidade e em quantidade adequada”, afirma.
A entrega contou com a ajuda de pessoas voluntárias da Comunidade Martin Luther da IECLB (Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil) e de produtoras e produtores agroecológicos da região.
DUPLO IMPACTO
A cestas foram compostas por farinhas de trigo e milho, arroz, feijão, frutas, hortaliças, batata doce, barras de sabão e máscaras. Os alimentos são, em sua maioria, orgânicos e/ou agroecológicos produzidos por famílias agricultoras e camponesas da região. E os produtos de higiene e proteção individual feitos por famílias da economia solidária. Assim, a ação beneficia ao mesmo tempo as famílias em situação de vulnerabilidade e as famílias que produzem os alimentos e produtos de higiene e de proteção.
Luta e resistência pela terra indígena Guasu Guavira
As 14 comunidades Avá-Guarani que ocupam áreas nos dois municípios ribeirinhos ao Rio Paraná reivindicam a demarcação da terra indígena Guasu Guavira. Cerca de duas mil pessoas vivem nas aldeias. Grande parte delas está cercada pelo cultivo transgênico de milho e soja, com uso intensivo de agrotóxicos.
Segundo reportagem do jornal Brasil de Fato, os Avá-Guarani voltaram para as terras tradicionalmente ocupadas em Guaíra e Terra Roxa especialmente a partir dos anos 2000. O processo de demarcação foi iniciado em 2009. Porém, mais de dez anos depois, as famílias indígenas ainda aguardam.
De acordo com Gilberto Benites, do Tekoha Pohã Renda, em Terra Roxa, as pessoas indígenas precisam resistir ao preconceito de moradores da região e ao abandono do Estado. E a situação de vulnerabilidade social, que já era preocupante, piorou durante a pandemia.
“A gente é tratado como invasor. A gente não tem mais espaço pra sobreviver. A água acabou, nosso peixe acabou. Isso que acaba prejudicando nossa cultura. Mesmo assim nós estamos lutando, pra recuperar ao menos um pouco a nossa terra”, afirma Benites. A liderança guarani afirma que as doações da Cesta Consciente estão sendo muito importantes. “Ajuda bastante, porque a situação aqui é difícil”.
Conheça a campanha e colabore você também!
http://doe.fld.com.br
Se preferir, as doações também podem ser feitas através de depósito ou transferência bancária para:
Fundação Luterana de Diaconia
CNPJ 04.358.174/0001-81
Banco: 001 – Banco do Brasil
Agência: 010-8*
Conta: 26585-3
*Para doações feitas a partir de contas de outros bancos, diferentes do Banco do Brasil, não informar o dígito “8” da agência.
Dúvidas? Contate FLD-COMIN-CAPA através do WhatsApp (51) 99620 2234 ou pelo e-mail [email protected]
Texto e fotos: Diangela Menegazzi