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Exposição Nem Tão Doce Lar leva, pela primeira vez, debate sobre violência doméstica e familiar para Canguçu (RS)

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Exposição Nem Tão Doce Lar leva, pela primeira vez, debate sobre violência doméstica e familiar para Canguçu (RS)
14 de novembro de 2023 Comunicação FLD

Pela primeira vez, o município gaúcho de Canguçu (RS) recebeu a iniciativa Nem Tão Doce Lar. As atividades aconteceram entre os dias 24 a 27 de outubro na Câmara Municipal de Vereadores e também no Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS).

A Nem Tão Doce Lar é uma mostra itinerante e interativa, que possibilita a popularização da discussão e do enfrentamento à violência ao levar para o espaço público a representação de uma casa familiar com pistas que denunciam a violência sofrida por mulheres, crianças, jovens, pessoas idosas e pessoas com deficiência. O objetivo é conscientizar a sociedade sobre a importância da denúncia, o fortalecimento das redes locais de apoio e a aplicabilidade das políticas públicas de prevenção, com o propósito de superar a violência doméstica e familiar.

Ela utiliza uma metodologia de intervenção coletiva para a superação da violência, que promove a reflexão e popularização da discussão desse tema, tantas vezes invisibilizado e naturalizado. Também fomenta o debate e a elaboração de estratégias de enfrentamento e de superação da violência a partir da criação e fortalecimento das redes de apoio nos municípios, pois envolve, de maneira prática e engajadora, organizações da sociedade civil, governamentais, instituições diaconais, universidades, escolas e comunidades religiosas.

A iniciativa é da Fundação Luterana de Diaconia (FLD) e, em Canguçu, foi realizada em parceria com o programa Centro de Apoio e Promoção da Agroecologia (CAPA) núcleo Pelotas, Câmara Municipal de Canguçu, Conselho Municipal dos Direitos da Mulher, CREAS, Grupo de Pesquisa Interdisciplinar Lélia Gonzalez, Escola Família Agrícola da Região Sul (EFASUL) e Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).

Oficina de formação

No dia 24, primeiro dia de atividades, a Nem Tão Doce Lar promoveu uma oficina de formação para acolhedoras e acolhedores, com a participação de aproximadamente 100 profissionais de diversas áreas que atuam nos segmentos da rede de apoio de Canguçu, tanto da zona urbana quanto da rural.

O espaço permitiu a troca de conhecimentos e de experiências sobre o tema da violência doméstica e familiar e sobre a metodologia da Nem Tão Doce Lar. Além disso, também possibilitou que as pessoas participantes pudessem contar as suas próprias experiências de vida e discutir os diversos aspectos que envolvem essa temática.

Segundo Lorena Magalhães Dias, pedagoga e coordenadora do CREAS, tanto a oficina de formação quanto a exposição foram muito importantes porque reuniram um grande número de pessoas de suas diversas áreas de atuação para discutir um tema tão importante como é a violência em todos os seus aspectos. “As atividades foram fundamentais para que a gente pudesse perceber que, às vezes, mesmo sem querer, reproduzimos alguns machismos. E na exposição foi possível ver que muitas pessoas passam por violências que são tidas como normais e naturais. Inclusive, durante as atividades, uma pessoa nos procurou para relatar que sofria violência psicológica, mas que só com a Nem Tão Doce Lar conseguiu perceber”, completa.

Exposição itinerante

Já nos dias 25 a 27, foi montada no CREAS a exposição itinerante, que esteve aberta à visitação pública e recebeu grupos de estudantes da rede municipal, da EFASUL, da casa da criança e do adolescente, grupo de mulheres do Centro de Referência em Assistência Social (CRAS), além de pessoas da comunidade canguçuense.

Durante a visita, foi possível circular por diferentes cômodos da casa-exposição, identificar as pistas deixadas nos cenários e expor as impressões em uma roda de conversa conduzida pelas acolhedoras e acolhedores que participaram da formação.

Espalhadas pelo espaço, tarjetas com informações a respeito dos vários tipos de violência que podem acontecer no ambiente e convívio doméstico e familiar sensibilizam, propõem métodos preventivos e incentivam a denúncia.

De acordo com Ana Teresa Santana, estudante do curso de Licenciatura em Educação do Campo – Ênfase em Ciências Naturais e Agrárias, não é possível se deparar com aquelas cenas de violência, muitas vezes sutis, sem refletir sobre o assunto. “O que mais chamou a minha atenção foi a reação das mulheres mais velhas, da terceira idade, que faziam relatos e reagiam frente às cenas da casa e foi possível perceber como elas foram aniquiladas nos seus relacionamentos. Além disso, outro aspecto muito importante foi a reação dos estudantes, principalmente os meninos, que puderam refletir sobre o seu papel nos relacionamentos e na sociedade”.

Procuradoria especial da Mulher em Canguçu

No espaço onde aconteceu a exposição, a vereadora Iasmin Roloff Rutz, apoiadora e incentivadora da ação, comemorou mais uma importante conquista para Canguçu. A Câmara Municipal conta, a partir de agora, com uma Procuradoria Especial da Mulher.

O órgão tem por objetivo acolher, escutar e encaminhar denúncias de violências, zelar pelos direitos das mulheres, apoiar, criar e acompanhar campanhas de conscientização, promover seminários e palestras, fomentar pesquisas, estudos e materiais sobre direitos das mulheres e inclusão social, dentre outras prerrogativas, incentivar a atuação feminina na política. “É uma honra fazer parte desta procuradoria e ser mais uma ferramenta de luta e garantia de direitos para a nossa comunidade”, comemora Iasmin.

Programação em Pelotas

A Nem Tão Doce Lar também teve programação em Pelotas (RS). No dia 27, foi realizada uma oficina de sensibilização sobre violência doméstica e familiar na sede do CAPA Pelotas. O evento contou com a participação de 13 pessoas.

Em Pelotas, a Nem Tão Doce Lar já havia feito atividades três vezes: em 2012, durante o III Encontro Territorial de Mulheres da Agricultura Familiar; e, em 2013, no Dia Sinodal da Diaconia e na campanha 16 Dias de Ativismo pelo fim da Violência contra a Mulher.

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