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Setorial kilombola discute as principais demandas e necessidade das comunidades acompanhadas por FLD-CAPA

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Setorial kilombola discute as principais demandas e necessidade das comunidades acompanhadas por FLD-CAPA
11 de julho de 2023 Comunicação FLD

A atividade, realizada por FLD-CAPA no dia 05 de julho, em Pelotas (RS), reuniu 39 pessoas de 13 comunidades kilombolas de diversos municípios da região, além do representante do Comitê dos Povos e Comunidades Tradicionais do Pampa. O objetivo do encontro foi o de ouvir das lideranças quais são as principais demandas, necessidades e dificuldades que as comunidades estão enfrentando e também discutir em conjunto estratégias para minimizá-las.

Dentre as diversas pautas levantadas no encontro, teve destaque a da estiagem e seus reflexos e a necessidade de desenvolvimento de políticas públicas próprias para essas populações, considerando as peculiaridades dos territórios onde estão inseridos, das suas condições de acesso à água e também dos impactos diretos que a falta deste direito básico tem sobre as famílias e comunidades.

Outro ponto que merece destaque e foi discutido durante a setorial, foi a política para a criação de agroindústrias kilombolas, que permitem que as famílias possam acessar mais pessoas consumidoras, além de levarem para a mesa da população alimentos tradicionais que integram a sua dieta e são importantes culturalmente.

Segundo a assessora, Juliana Soares, a atividade é muito importante pois discute com quem está lá nas comunidades e nos territórios as principais dificuldades pelos quais as pessoas estão de fato passando e permite a construção coletiva de alternativas. “Ao longo da história as comunidades kilombolas tem sofrido com o descaso dos governos municipal, estadual e federal. Com o tempo, após muita resistência, luta e reivindicação do povo preto através dos movimentos sociais negro e kilombola é que esse quadro vem se alterando. Somente há poucos anos, com governos populares e democráticos é que vem sendo implementadas leis e políticas públicas específicas para a população kilombola, e que está sendo possível renovar os sonhos por condições melhores de vida. Então entendo que esse momento, de renovar as esperanças é muito importante para que as comunidades se organizem em rede para dialogar sobre suas demandas, pensar e criar estratégias para enfrentar as barreiras do racismo estrutural, reivindicar seus direitos e fortalecer a luta”, destaca.

Discutindo políticas públicas específicas para as pessoas Kilombolas, Flávio Jesus Machado, agricultor de São José do Norte, destacou a importância de se pensar em reivindicações específicas para a agricultura kilombola, que segundo ele, se diferencia em muitos aspectos da agricultura familiar presente na região. “Precisamos lutar por políticas públicas para a agricultura kilombola, porque ela não é igual a agricultura familiar. Os agricultores familiares tem terra, nome, financiamento, crédito e conseguem acessar os recursos, enquanto nós não temos a mesma capacidade de financiamento, garantia de crédito e precisamos de recursos e incentivos. Eu nunca consegui acessar um recurso para a agricultura kilombola, porque não tem crédito disponível para nós”, finalizou Flávio.

Além destas pautas, foram discutidos também temas relacionados com o racismo institucional e governamental, produção de alimentos, artesanato, saúde, geração de renda, comercialização de produtos e feiras, educação kilombola, formação política e identidade.  Estiveram presentes na atividade, pessoas dos municípios de Pelotas, São Lourenço do Sul, Canguçu, Jaguarão, São José do Norte e Cristal.

 

Fotos: Juliana Soares; Nicoli Wally/FLD-CAPA

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