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Projeto Gênero e Resistência Negra focou especialmente em demandas de mulheres kilombolas

                 

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Projeto Gênero e Resistência Negra focou especialmente em demandas de mulheres kilombolas
20 de julho de 2022 Comunicação FLD

Encerrou no final de junho, o Projeto Gênero e Resistência Negra: Mulheres Kilombolas na Liderança, executado por FLD/CAPA, com o apoio de Evangelical Lutheran Church in America (Elca). O objetivo geral do projeto foi o de contribuir na formação e organização de mulheres para atuação e liderança nos espaços de tomada de decisão e representação das comunidades kilombolas, além da superação de preconceitos e violências.

O projeto teve a duração de 09 meses e surgiu a partir de demandas das próprias mulheres relacionadas ao empoderamento e formação para participação em espaços de liderança, construção de autonomia econômica, superação da desigualdade de gênero e de violências. Outro aspecto importante do projeto foi promover o empoderamento e a autonomia econômica das mulheres por meio do fortalecimento e valorização das atividades artesanais e de agroecologia para superação da violência e da desigualdade.

De acordo com a assessora de projetos, Juliana Soares, as ações para a valorização das mulheres negras e do seu trabalho são fundamentais para que elas sejam reconhecidas e respeitadas e também para incidirem positivamente na mudança de leis e políticas públicas. “As atividades foram construídas e realizadas partindo da lógica das comunidades, considerando a cultura e os saberes kilombolas. O trabalho desenvolvido, assim como as reflexões, partem da discussão a respeito da construção social que gira em torno do ser negra kilombola e à condição de vida que essas mulheres tem. Pensando a forma como se deu a construção dessas identidades no Brasil e apresentando a figura da mulher kilombola como sujeita da própria história, desconstruindo a visão estereotipada de colonizador, para promovermos uma mudança significativa na vida das mulheres negras kilombolas”, completa Juliana.

As diversas ações do projeto visam fazer com que as mulheres kilombolas sejam reconhecidas e respeitadas como lideranças das famílias e comunidades onde estão inseridas, incidindo para mudar as leis e políticas que não as representam, além de buscar também o fortalecimento e a valorização do trabalho que elas realizam na agricultura – base de subsistência e comércio -, reconhecendo sua importância na sustentabilidade econômica das famílias, cultivando a independência e a resistência a partir da preservação das sementes e dos saberes e práticas ancestrais das comunidades.

O projeto englobou atividades de formação, intercâmbios com troca de saberes entre as comunidades, oficinas de cooperativismo e associativismo com justiça de gênero, bem como um seminário de formação com as diretorias das associações kilombolas, que trabalhou processos de gestão democrática com justiça de gênero, além de oficinas de formação sobre o papel da mulher na agroecologia, geração de renda e gestão, utilizando a metodologia de monitoramento da renda das mulheres rurais a partir da Caderneta Agroecológica.

Segundo o coordenador de FLD/CAPA Pelotas e engenheiro agrônomo, Roni Bonow, o projeto foi construído pensando nas principais demandas e necessidades que as mulheres quilombolas tem no seu cotidiano. “O projeto possibilitou ouvir a realidade das mulheres kilombolas a partir de suas vivências, focando especialmente em ações para a superação das desigualdades e violências, as quais elas estão submetidas no seu dia a dia, e para que coletivamente, a partir da metodologia da caderneta agroecológica, pudessem se empoderar e melhorar a sua autoestima”, completou Roni.

O encontro de encerramento do projeto aconteceu nos dias 23 e 24 de junho na sede do CAPA/Pelotas, contando com a participação de 21 mulheres das comunidades kilombolas Potreiro Grande, Serro das Velhas, Maçambique e Boqueirão de Canguçu, Torrão, Monjolo, Boqueirão e Coxilha Negra de São Lourenço do Sul, Serrinha do Cristal do município de Cristal e Algodão de Pelotas. No total, as atividades do projeto envolveram cerca de 180 mulheres, das 12 comunidades atendidas diretamente pelo CAPA, distribuídas em 8 municípios da região.

As ações com os grupos de mulheres terão continuidade através do apoio de outros projetos e de novo projeto trienal com ELCA, parceiro do CAPA.

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