O atual coordenador Vilmar Saar vai se aposentar após 30 anos de trabalho na região
“Capixaba de nascimento, gaúcho de formação e paranaense de atuação”. É assim que Vilmar Saar costuma sintetizar o caminho percorrido, desde sua saída da região Noroeste do Espírito Santo até o Oeste do Paraná. No dia 11 de dezembro, o agora coordenador do CAPA (Centro de Apoio e Promoção da Agroecologia), núcleo de Marechal Cândido Rondon, e educador catequista da IECLB (Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil) se desligará de suas funções por motivo de aposentadoria, após 30 anos de trabalho na região.
Vilmar nasceu no Córrego do Panorama, município de Barra de São Francisco, no estado do Espírito Santo. Recebeu desde cedo de sua família agricultora e luterana o incentivo para estudar. A escola primária onde estudou foi construída pelo seu próprio pai, e doada ao Estado, para que as crianças da comunidade não precisassem sair longe para ter acesso à educação.
Dos 11 aos 17 anos, Vilmar trabalhou na roça com a família, depois saiu para continuar os estudos. Em 1980, chegou a São Leopoldo, no Rio Grande do Sul, onde se formou em Ciências Sociais pela Unisinos (Universidade do Vale do Rio dos Sinos), e em Educação Cristã, pela Escola Superior de Teologia da IECLB.
Chegou no Oeste do Paraná em 1991. Morou em Toledo nos dois primeiros anos, e atuava na Pastoral Popular Luterana (PPL) da então 5ª Região Eclesiástica da IECLB (hoje, Sínodo do Rio Paraná). Nessa época, conquistou o diploma de especialista em Filosofia Latino Americana, pela Unioeste (Universidade Estadual do Oeste do Paraná).
Já em Marechal Cândido Rondon, enquanto desempenhava função na PPL, também coordenou o jornal do Sínodo, chamado “Partilha”. Contudo, o grande desafio de sua vida ainda estava por vir, e ocorreu a partir de 1996, quando participou da articulação que criaria os núcleos do CAPA de Rondon e de Verê; este, na região Sudoeste. Estruturados em 1997, os dois núcleos foram por ele coordenados nos primeiros quatro anos. Em Rondon, está na coordenação desde então.
Conquistas e desafios
Vilmar lembra que desde o início, o CAPA tinha como princípio trabalhar a Agroecologia com as famílias agricultoras e camponesas. “Nossa atuação estava pautada na produção sustentável, ecológica e socialmente justa. Mas o contexto sempre foi desafiador, visto que em nossa região a agricultura de commodities sempre foi muito forte”, comenta.
No entanto, segundo Vilmar, a atuação do CAPA a partir da realidade das famílias atendidas, de forma aberta, ecumênica e participativa, fez com que o trabalho agroecológico se enraizasse e crescesse. “Iniciamos com uma equipe de quatro pessoas assessorando cerca de 40 famílias de quatro municípios. Atualmente, somos uma equipe de 32 pessoas, e assessoramos cerca de 950 famílias, em 22 municípios”, destaca Vilmar.
Das realizações e conquistas, segundo ele, mérito de toda a equipe, Vilmar ressalta o trabalho com a homeopatia na agricultura, o funcionamento do Núcleo da Rede Ecovida no Oeste do Paraná, e as diversas e exitosas parcerias com associações e cooperativas da agricultura familiar e camponesa, com Itaipu, Unioeste e demais organizações governamentais e da sociedade civil.
NOVA COORDENAÇÃO
No fim de 2018, com a ampliação do trabalho do CAPA Rondon, e também para começar o processo de transição da coordenação, o rondonense de nascimento Jhony Luchmann retornou à cidade para atuar junto à equipe do CAPA Rondon, como coordenador adjunto. Jhony é formado em Tecnologia em Horticultura e trabalhou no CAPA Núcleo Verê, Sudoeste do Paraná, por aproximadamente oito anos, dos quais os três últimos no cargo de coordenador. “Esse tempo de transição foi muito importante para um processo de imersão em todo o contexto de trabalho realizado na região”, afirma Jhony.
A reestruturação da coordenação contará também com a contribuição do profissional Luiz Hartmann, que é Tecnólogo em Agroecologia e assumirá a função de coordenar os trabalhos de campo com a equipe. Todo o processo de transição vem sendo realizado e acompanhado pelo Conselho do CAPA Rondon e pela FLD (Fundação Luterana de Diaconia).
Texto: Diangela Menegazzi
Fotos: Diangela Menegazzi e Arquivo CAPA