Ações na Região do Alto Uruguai
Erexim/RS – O Movimento contribui nas lutas sociais da região desde 2019, por meio das diversas entidades envolvidas, entre elas o CAPA, que constituem uma rede apoiadora para repasse de informações e construção de alternativas frente às inúmeras demandas que surgem no dia a dia pela pressão do capital financeiro em suas incontáveis “crises econômicas” e gestões neoliberais que defendem a quase extinção do Estado e suas funções sociais. Como uma das primeiras ações desta rede no enfrentamento da pandemia, foi elaborada uma carta destinada ao poder público do município de Erexim, com o objetivo de sugerir uma série de ações para amenizar as graves consequências da situação atual.
Além da crise econômica mundial, existe o agravante da crise social gerada pela Covid-19, que potencializa as desigualdades. As duas forças juntas tornam-se um rolo compressor contra as comunidades tradicionais (indígenas, quilombolas, campesinas e de pescadoras e pescadores, entre outras) e povos das cidades, como beira trilhos (ocupações caracterizadas após a Guerra do Contestado nas beiras dos trilhos da empresa América Latina Logística (ALL)) e moradoras e moradores dos bairros suburbanos.
O alto índice de desemprego, que já existia antes da pandemia, cresce exponencialmente e os trabalhos informais sofrem o maior impacto, com a fome dormindo junto das comunidades e bairros suburbanos. O Movimento em defesa da democracia e educação pública, por meio dos veículos de comunicação, iniciou uma campanha de arrecadação solidária, além da fabricação de máscaras, álcool em gel e sabão, pela ação do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul (IFRS) e da Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (UERGS). Foram acionados mutirões com setores organizados da juventude para auxiliar os bairros. Com os valores arrecadados, o movimento decidiu que serão montadas 100 cestas, com produtos provenientes das agricultoras e agricultores familiares e a participação de três cooperativas da agricultura familiar: Nossa Terra, Cooperfamília e Cecafes. Os produtos da agricultura familiar camponesa (abóbora, feijão, farinha de milho, arroz, cebola, mandioca, batata doce, leite, maçã e pão) foram colocados nas cestas e entregues às populações carentes da região do Alto Uruguai. Estas foram distribuídas em coletivos locais (como grupos de bairros, comunidades indígenas e comunidades de imigrantes). Na entrega, foram adotadas todas as medidas de prevenção ao coronavírus solicitadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
O Centro de Apoio e Promoção da Agroecologia (CAPA) – Núcleo Erexim, contribuiu na articulação, montagem e logística de distribuição das 100 cestas, juntamente com as cooperativas. Cinco destas cestas, além das máscaras, álcool em gel e peças de sabão artesanal, fabricadas pela UERGS, foram entregues no dia 8 de abril, em parceria com o IFRS, na comunidade guarani do Mato Preto, localizada próximo à BR 135, no município de Erebango/RS. O Cacique Joel Kuaray centralizou o recebimento dos alimentos e se disponibilizou a distribuí-los entre a população indígena, bem como fazer o registro das entregas, priorizando as famílias com crianças pequenas.
Outra iniciativa do movimento são ações organizadas nas comunidades dos bairros para auxiliar as pessoas no cadastro necessário ao acesso do auxílio emergencial de 600 reais, disponibilizado pelo governo federal. No dia 25 de abril foi efetuado o “Mutirão de Solidariedade no Bairro São Vicente”, em Erexim, com a participação da Defesa Civil do município. A ação auxiliou no cadastro de aproximadamente 70 pessoas. Hoje, 29, foi realizada outra ação com o mesmo propósito.
Amanhã o CAPA irá entregar 21 cestas às famílias indígenas guaranis da Reserva de Mato Preto. Esta ação faz parte de um projeto maior, do Consórcio de Entidades de Assessoria em Agroecologia no Rio Grande do Sul, financiado com recursos captados pela Fundação Banco do Brasil.
Texto: João Daniel Wermann Foschiera
Edição: Vicente Giesel Hollas