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Projeto OPANÁ distribui mais de mil mudas de plantas medicinais e árvores nativas para comunidades Guarani do litoral do Paraná

                 

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Projeto OPANÁ distribui mais de mil mudas de plantas medicinais e árvores nativas para comunidades Guarani do litoral do Paraná
18 de julho de 2025 Ana Paula

 Ação fortalece quintais produtivos e práticas tradicionais de cuidado com a saúde

Por Assessoria de Comunicação FLD

Fotos: Ana Paula Soukef 

Mais de 500 mudas de plantas medicinais e 800 mudas de árvores nativas estão sendo entregues às comunidades Guarani do litoral do Paraná pelo projeto OPANÁ: Chão Indígena, por meio de uma doação do Refúgio Biológico Bela Vista, da Itaipu Binacional. A iniciativa visa fortalecer práticas tradicionais de cuidado com a saúde e ampliar o acesso às espécies utilizadas tradicionalmente pelos povos indígenas, além de reforçar práticas agroecológicas nos territórios.

A entrega das mudas na comunidade Kuaray Haxa, em Antonina, contou com a participação de representantes da Fundação Luterana de Diaconia (FLD) e da Itaipu Binacional, que puderam, durante a visita, conhecer mais sobre a visão e as práticas medicinais do povo Guarani. Essa primeira remessa de mudas para o litoral irá contemplar, além da comunidade Kuaray Haxa, outras comunidades nos municípios de Paranaguá, Pontal do Paraná, Guaraqueçaba, Morretes e Piraquara.

Na comunidade Kuaray Haxa, a chegada das mudas representa um passo importante para consolidar os quintais produtivos e retomar o uso cotidiano das plantas medicinais. Para Jaxuka Poty, líder espiritual (xary’í) e referência no uso das plantas, a ação facilita o contato com as espécies e amplia a possibilidade de transmissão dos conhecimentos. “Agora mais gente pode aprender. As plantas estão chegando, e com elas a chance de mais pessoas se dedicarem a isso”, afirma.

Jaxuka conta que aprendeu a identificar e preparar remédios naturais com o pai, ainda na juventude, mas foi por meio de sonhos que passou a receber orientações sobre tratamentos específicos. “Eu consulto Nhanderu, nosso Deus, e ele me mostra nos sonhos qual planta usar e como fazer. Então meu conhecimento vem do meu pai e também desse meu dom de sonhar”, conta. 

Atualmente, ela é procurada por pessoas de sua comunidade e de outras para o preparo de remédios. Alguns ficam disponíveis na Casa de Reza, para uso coletivo da comunidade. “Uso para dores de cabeça, febres, mas também para doenças mais graves. A gente sabe qual erva usar para cada sintoma. É como um livro que a gente tem na cabeça. Só que precisa preparar do jeito certo: algumas se ferve, outras não. Tem que saber como fazer cada planta.” 

Jaxuka reforça ainda a importância da chegada das mudas para a continuidade do seu trabalho. “Aqui é difícil encontrar as plantas, principalmente por conta do desmatamento. Com elas perto de casa, fica mais fácil ensinar as crianças, mostrar como usá-las e evitar que os conhecimentos se percam. Fiquei muito feliz com essa entrega”, diz. 

A filha de Jaxuka, Jéssica Kerexu, faz parte da equipe técnica do OPANÁ e vê no projeto uma oportunidade de reconexão com os saberes da mãe. “Eu antes não tinha tanto esta conexão com as plantas medicinais, embora minha mãe sempre teve. Mas agora, pelo projeto, estamos tendo a oportunidade de plantar e aprender juntas. Isso, pra mim, é o mais especial: conviver e aprender com ela.” 

Jéssica também destaca que o projeto tem incentivado o resgate de práticas de cultivo. “A gente tem aprendido técnicas como cobertura de solo, uso do bambu, folhas secas. Isso tem ajudado muito e incentivado a comunidade a resgatar conhecimentos sobre nossos cultivos antigos. São coisas que estavam sendo esquecidas.”

Ela aponta, porém, que o tempo Guarani é diferente do tempo não indígena. “Cada planta tem seu tempo dentro da nossa espiritualidade. O tempo juruá (não indígena) é mais acelerado, a gente segue outro ritmo. Mesmo assim, é possível conciliar a agroecologia e a nossa visão.”

A distribuição das mudas integra uma série de ações do projeto OPANÁ: Chão Indígena, iniciativa da FLD em parceria com a Itaipu Binacional, que busca promover a segurança alimentar e o fortalecimento dos sistemas indígenas de produção agroecológica.

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