Agricultoras e agricultores do noroeste do Rio Grande do Sul comemoram reconhecimento da produção de alimentos orgânicos que ocorre desde 1991
“A gente sabe que, ao contrário do que muitas pessoas dizem, que não dá pra produzir orgânicos, dá sim! Claro que dá”, afirmou o agricultor Evaldo Gaiardo, ao lado da esposa Marilene, durante a entrega do certificado de produção orgânica de alimentos pela Rede Ecovida. O reconhecimento chegou na tarde desta quarta-feira (20), na Vila Campos, em Tapejara (RS).
A certificação também foi recebida por outra família agroecologista, a de Adriana Mezadri e Marcelo Valmorbida, do município de Charrua (RS). Juntos, os casais integram o grupo Araucária, espaço vinculado à Rede Ecovida para a produção e comercialização de alimentos orgânicos e agroecológicos no noroeste rio-grandense.
Embora o reconhecimento tenha chegado agora, a produção de alimentos saudáveis e sem veneno é um trabalho que vem sendo feito pelas famílias desde 1991. E, segundo Evaldo, a união e persistência fazem parte da história. “A gente consegue produzir, comercializar e ter parcerias. Isso é a parte boa e legal de toda essa história. A gente faz unidade, e a troca de experiências faz enriquecer o trabalho”, ressaltou o agricultor.
Além das unidades produtivas das duas famílias, a agroindústria de produtos de origem vegetal, que faz parte do grupo Araucária na Vila Campos, também foi certificada. No espaço, são processados tomates para produção de polpa, mandioca e outras variedades de alimentos.
Trabalho conjunto: CAPA e Nossa Terra
Toda essa comida está sendo comercializada pela Cooperativa Nossa Terra, com o apoio e assessoria do Centro de Apoio e Promoção da Agroecologia (CAPA). Em 2021, apenas de polpa de tomate, foram comercializados 1,5 mil quilos. A meta deste ano das famílias é aumentar a produção.
Adelmir Gaiardo, presidente da Cooperativa Nossa Terra, disse que a entrega desses certificados tem grande importância para o desenvolvimento na região de um modelo de produção sustentável e justo. “O objetivo do nosso trabalho é que essas famílias possam ter renda, diversidade de produtos, e condições de ofertar alimentos saudáveis às pessoas”.
Para o engenheiro agrônomo do CAPA João Foschiera, a existência do grupo Araucária, e do trabalho conjunto das organizações, é símbolo da resiliência e luta das famílias pela permanência no campo e pela produção de alimentos sem agrotóxicos.
“O trabalho do grupo é inspirado na árvore jurássica pré-histórica, com mais de 200 milhões de anos, e fruto de uma construção agroecológica que respeita o novo e o velho, trazendo a experiência e história para construir uma sociedade que convive com a natureza sem deixar de exercer a agricultura”, ressaltou.
Fotos: Arquivo CAPA