Famílias Avá-Guarani e Kaingang foram beneficiadas; parte da comida doada é da agricultura familiar e da Aldeia Ocoy, em São Miguel do Iguaçu
A Articulação dos Povos Indígenas da Região Sul (ARPINSUL) e FLD-COMIN-CAPA estão unidas em ações de ajuda humanitária às comunidades indígenas da região Sul do Brasil. Entre os dias 7 e 16 de julho, 1.087 famílias Avá-Guarani e Kaingang do Oeste e Sudoeste do Paraná receberam cobertores, produtos de higiene e alimentos, parte deles da agricultura familiar e também indígena.
As famílias indígenas atendidas nesta ação estão em territórios nos municípios de Santa Helena, Itaipulândia, Terra Roxa, Guaíra, Chopinzinho, Vitorino e Barracão. A gestão das ações, como a identificação e definição das comunidades indígenas que foram atendidas, e a própria entrega dos donativos, ocorreu por meio do trabalho coletivo junto à organização indígena, o que possibilitou a otimização dos resultados e maior alcance, chegando a comunidades que estavam em situação de extrema necessidade.
A organização das cestas e entregas teve a parceria da Associação Central De Produtores Rurais Ecológicos (Acempre) e das cooperativas da Agricultura Familiar Integrada (Coopafi) e Camponesa de Agroindustrialização e Comercialização (Coocamp).
De indígenas para indígenas
Mais de meia tonelada dos alimentos entregues às aldeias Avá-Guarani em Santa Helena e Itaipulândia foram produzidos por famílias da comunidade do Tekoha Ocoy, em São Miguel do Iguaçu. Foram 630 quilos de banana e mandioca que compuseram as 158 cestas de alimentos doados nos dois municípios do Oeste paranaense.
“Fico feliz que a nossa produção vai sair para ajudar a nossa comunidade que precisa nesse momento, porque, no acampamento, eu sei que a gente passa muita coisa. Eu espero que a nossa comunidade goste de receber o alimento que sai aqui da aldeia Ocoy mesmo”, disse o presidente da Associação Comunitária Ocoy, Fidelino Tupã Barreto.
Mas a produção de alimentos por famílias do Tekoha Ocoy não se encerra nesta ação. Elas também estão comercializando alimentos para o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), por meio da Cooperativa de Industrialização e Comercialização Camponesa (Coopercam). E esses alimentos compõem a merenda escolar de estudantes da própria comunidade, pois são entregues ao Colégio Estadual Indígena Teko Nemoingo.
Esse contexto vivenciado pelas famílias do Tekoha Ocoy, no entanto, não é a realidade das mais de duas mil pessoas que lutam pela demarcação da Terra Indígena Guasu Guavira. Falta de água, saneamento básico, energia, alimentos, dificuldade de acesso à saúde e educação são parte da vida do povo Guarani na região.
Pandemia e a insegurança alimentar
Do Paraná ao resto do País, a pandemia afetou diretamente a segurança alimentar e nutricional dos povos indígenas. Em isolamento para prevenir e controlar a transmissão do coronavírus, as pessoas indígenas sofrem com a impossibilidade de realizar suas atividades e vender seus artesanatos, principal fonte de renda de muitas famílias. Toda essa situação agrava-se diante do contexto de desassistência e violações de direitos que os povos indígenas sofrem.
Nesse contexto, além das ações de ajuda humanitária com organizações indígenas, FLD-COMIN-CAPA também apoia projetos de organizações, associações e grupos indígenas e que têm povos indígenas como público beneficiário, de diferentes regiões do país, no fortalecimento e soberania de territórios, enfrentamento à fome, fornecimento de itens de higiene e proteção. Você também pode apoiar um desses projetos por meio da Campanha Projetos de Vida. Saiba mais: doe.fld.com.br
Texto: Daniela Huberty e Diangela Menegazzi
Fotos: Erison de Jesus Moreira e Raquel Rossi