O cultivo é feito por pescadoras e pescadores nos municípios de Foz do Iguaçu e Santa Terezinha de Itaipu
A chef Claudia Krauspenhar, natural de Foz do Iguaçu, conta que em 2017 precisou criar um prato para um evento muito especial, e queria que ele tivesse uma história. Lembrou então que há muitos anos um amigo que trabalhava no departamento de Pesca da Itaipu Binacional servira-lhe um prato com pacu defumado. “Eu adorei! Nunca mais esqueci daquele sabor. Então resolvi usá-lo no evento, e foi um sucesso. Foi quando decidi colocá-lo no meu cardápio”.
Desde então, Cláudia serve no seu restaurante K.sa, em Curitiba, um prato composto por costela de pacu com farofa de cítricos, purê de banana e molho de marisco. Inclusive, esse prato levou a chef paranaense a participar do Mestre do Sabor, um reality show de culinária de abrangência nacional na tv aberta.
Hoje, o peixe pacu servido no renomado restaurante de Claudia é fornecido por pescadoras e pescadores que trabalham com a piscicultura sustentável no Lago de Itaipu, nos municípios de Foz do Iguaçu e Santa Terezinha de Itaipu. As famílias fazem parte da Applifi (Associação dos Pescadores e Piscicultores do Lago de Itaipu de Foz do Iguaçu).
Em 2019, Claudia visitou o local onde as famílias produzem os peixes em tanques-rede. “Quando conheci o cultivo e a produção, vi o carinho daquelas pessoas e a luta pela sobrevivência por intermédio desse trabalho. Fiquei ainda mais motivada a levar esse prato sempre comigo e agregar valor ao trabalho dessas pessoas que vivem da pesca. Isso é muito importante pra mim, levar comigo pessoas e histórias por trás de um prato do meu restaurante”, disse a chef.
Uma das pescadoras é Elzi Coleta, mais conhecida como Ziza, faz parte da Associação e diz estar feliz. “Somos como uma família, sempre ouvimos o que o outro tem a dizer e trabalhamos em conjunto”.
Trabalho Coletivo
O trabalho da Applifi é acompanhado pelo CAPA (Centro de Apoio e Promoção da Agroecologia), núcleo de Marechal Cândido Rondon (PR), em parceria com a ItaipuBinacional. Segundo a assessora técnica, Micheli Becker, todo o trabalho de despesca, transporte e processamento é feito pelas pescadoras e pelos pescadores. “As famílias, que têm sua história vinculada ao Rio Paraná, encontraram no associativismo uma base para permanecerem trabalhando com peixe”.
O pacu é um peixe nativo da bacia do Prata, da qual faz parte o Rio Paraná. O sistema de cultivo em tanque-rede possibilita espaço adequado para o desenvolvimento do animal. A ração utilizada na alimentação dos peixes possui menos fósforo e nitrogênio, a fim de preservar a qualidade da água do lago. “Pelo fato de o pacu ser uma espécie nativa, o sistema de cultivo chega muito próximo do natural”, explica Becker.
Texto: Diangela Menegazzi
Fotos: Arquivo/Claudia Krauspenhar