São Lourenço do Sul – RS – Aconteceu no último domingo, dia 24, o 28º batizado de capoeira e troca de cordas e o segundo Ginga Menina, em São Lourenço do Sul. O evento contou com a participação de mais de 200 pessoas, entre jovens, crianças e adultos além de 8 mestres de capoeira e 12 professores, com participantes de Pelotas, Capão do Leão, Rio Grande, Encruzilhada, Caxias, Bagé, Santa Maria, Canguçu, Canoas, Alvorada, São Lourenço do Sul, Herval, Porto Alegre e até mesmo da Bahia.
O evento, que acontece todos os anos em diferentes municípios da região, é uma forma de resgate, resistência e valorização da cultura negra. De acordo com o Mestre em Capoeira, Daniel Roberto Soares, conhecido como mestre Pretto, “o evento é uma forma viva de integrar o povo urbano pobre e desprezado com o povo discriminado no meio rural. É uma forma de reagir a esse sistema escravagista e elitista, pois a maioria dos alunos que participa das atividades de capoeira está nas vilas e favelas”, explica.
Além da valorização e resgate da cultura negra, as atividades com capoeira ajudam crianças e jovens de diversas comunidades Kilombolas e também assentados da reforma agrária a valorizarem a sua história e também a se tornarem mais autônomas.
A aluna Eduarda Boaez, da Escola Corintho Ávila Escobar, do município do Herval, de apenas 12 anos disse estar muito feliz em ter tido a oportunidade de participar pela primeira vez do batizado e ver as mulheres tendo um papel de destaque no evento. “Todos da escola Corintho estão muito felizes por ter tido a oportunidade de participar desse evento e eu fiquei muito feliz e emocionada quando as meninas fizeram aquele discurso e de ver pessoas negras, brancas, pardas, mulheres e homens fazendo uma roda de capoeira sem nenhum tipo de preconceito, com a integração de todas as pessoas”, comenta.
Junto com o batizado aconteceu também a segunda edição do Ginga Menina, que busca refletir sobre o papel da mulher na sociedade, chamar a atenção para a participação feminina na capoeira e auxiliar no seu crescimento, além de alertar os homens capoeiristas para a importância da participação das mulheres e mostrar que ela pode ser praticada por todos e todas. As mulheres também puderam refletir e discutir sobre a busca e sua inserção em espaços na sociedade e na capoeira, enfrentando dificuldades como por exemplo, conciliar a capoeira com a família, filhos, machismo dos maridos e namorados diante do fato de elas atuarem num espaço majoritariamente masculino. No encontro foram levantados ainda os casos de assédio e como a capoeira pode ajudar as mulheres e meninas que sofrem com abusos domésticos.
Participaram do batizado os mestres Toiço, Chico, Catito, Tenente, Dino, Pastor, Dunga e Pretto, além dos professores Tiaguinho, Sombra, Exterminador, Trakina, Tinão, Chico, Dandara, Biguá, Longarina, Kreps, Tucano e Luluzinha.