“Para chegar aonde estamos hoje, foi um longo caminho, mas temos ainda muito para fazer”, afirmou Jerri Eliano de Quevedo, liderança quilombola, no lançamento do livro Direitos Quilombolas: Um estudo de impacto da cooperação ecumênica, realizado no dia 16 de março, em São Leopoldo (RS), durante a Assembleia Geral da FLD. “O povo negro sempre foi muito explorado, muito excluído. Na busca por um trabalho, a cor da pele ainda faz diferença, por exemplo. Mas o sofrimento nos deu mais coragem. Hoje estamos mais preparados. E agradecemos muito ao CAPA (Centro de Apoio ao Pequeno Agricultor), que foi ao nosso encontro quando ninguém queria saber dos quilombolas”. Outros dois representantes dos quilombos, Márcia de Quevedo Ferreira e Gustavo Duarte de Moura, e a técnica do CAPA Daniela Lessa, também participaram do lançamento.
O CAPA iniciou o trabalho com os quilombolas em 2002, em quatro comunidades. “Se não fosse pela ousadia da FLD e da IECLB, que nos desafiaram para isso, não estaríamos aqui”, lembrou a coordenadora do CAPA Pelotas, Rita Surita. “E entre muitas coisas boas que as comunidades estão trazendo para a região, uma delas é mostrar o outro lado da história. O preconceito só pode ser combatido quando sua existência é reconhecida.”
“Estes são sinais da construção de uma sociedade mais justa e mais inclusiva. Em nome da Secretaria Geral da IECLB (Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil) trago parabéns à FLD e ao CAPA pelo trabalho, que ajuda a minimizar a dívida histórica que a sociedade brasileira tem com o povo negro”, disse o secretário da Secretaria de Ação Social (SAC)/Secretaria Geral, Mauro de Souza. Para a coordenadora do Grupo Identidade da Faculdades EST, Selenir Gonçalves Kronbauer, é preciso continuar fortalecendo a reflexão e as pesquisas no âmbito da negritude e o diálogo com outras áreas de conhecimento, para continuar avançando na superação dos preconceitos.
O secretário executivo da FLD, Carlos Gilberto Bock, disse que “o estudo mostra as mudanças definitivas que o trabalho do CAPA faz na vida das pessoas, especialmente de pessoas que têm seus direitos negados. “Impactos são efeitos duradouros, que ficam para as gerações futuras. É gratificante poder mostrar que isso está acontecendo.”
A publicação Direitos Quilombolas avalia o impacto do apoio das organizações da Aliança ACT no Brasil ao movimento e às comunidades quilombolas, no período de 1996 a 2009. O estudo, promovido pelos parceiros internacionais EED e Christian Aid, inclui comunidades da Bahia, do Rio de Janeiro, Maranhão e do Rio Grande do Sul, envolvendo as três organizações brasileiras membro da Aliança ACT – a Coordenadoria Ecumênica de Serviço (CESE), Koinonia e FLD –. No sul, foi coordenado pela FLD, através do assessor administrativo financeiro Dezir Garcia, e pelo CAPA. “A proposta é colaborar para uma melhor compreensão de como se está contribuindo para a superação de injustiças sociais e de pobreza, e para a reflexão sobre de que forma essa contribuição pode ser aperfeiçoada”, escreve a organizadora, Mara Vanessa Fonseca Dutra.
Após o lançamento, foi servido um coquetel com quitutes da comida afro. Organizado pela equipe de assessoras da FLD, o coquetel foi preparado e servido pela Cooperbom, grupo parceiro apoiado pela Fundação Luterana.