O Centro de Apoio ao Pequeno Agricultor (CAPA), organização parceira da FLD e vinculada à Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil, representou o Brasil nos debates do Fórum Global de Alimentação e Agricultura (GFFA), realizado em Berlim, em janeiro último. O encontro acontece paralelamente à Semana Verde Internacional, maior feira agrícola do mundo, que é realizada anualmente na capital alemã.
“Nos eventos paralelos, discutimos o atual modelo de industrialização da agricultura ‘vendido’ pela Semana Verde, em que o consumismo e o investimento no agronegócio são a chave para o desenvolvimento”, explica Daniele Schmidt Peter, representante do CAPA no encontro.
Ela conta que o Fórum Global de Alimentação e Agricultura (GFFA) reuniu políticos (especialmente os Ministros e responsáveis mundiais pela agricultura ao redor do mundo) e representantes da indústria, da agricultura, do comércio, além de acadêmicos e representantes da sociedade civil. Este ano, o Fórum teve como tema “Investimento responsável nos setores de alimentos e agricultura – Um fator-chave para a segurança alimentar e o desenvolvimento rural”.
A participação de Daniele foi proposta pelo departamento de Agricultura, Política e Desenvolvimento da agência da cooperação internacional Pão para o Mundo (PPM). “Neste momento em que está em votação mudanças na atual política agrícola da União Europeia, a ideia era apresentar durante a manifestação Paralela a Semana Verde e nos painéis de discussão, alternativas de como um governo pode investir na produção de alimentos, nos agricultores familiares e na agroecologia, trazendo uma experiência de um país de fora da UE, no caso, de um país em desenvolvimento. E através da apresentação destas alternativas, tentar construir uma política mais inclusiva, que priorize a produção de alimentos e invista nos pequenos agricultores”, explica Daniele.
O CAPA é uma referência em agroecologia e organização social dos agricultores familiares, tendo sido responsável pela fundação de cooperativas de agricultores familiares que hoje constituem uma rede de Comercialização Solidária no Sul do Rio Grande do Sul, que foi a porta de início para os Programas PAA e PNAE. “Também por esta razão eu estive participando em Berlim destas atividades, para compartilhar nossas experiências”, explica Daniele.
Visibilidade aos/as agricultores/as familiares
Dentro do Fórum Global de Alimentação e Agricultura, PPM realizou um painel de discussão intitulado “Os investidores invisíveis – Por que os pequenos agricultores são fundamentais para debates sobre investimentos agrícolas”. Daniele apresentou a experiência do CAPA e as possibilidades de desenvolvimento da agricultura através do investimento nos pequenos agricultores e na sociedade civil, iniciada pelo Governo Lula pelos programas Fome Zero e Alimentação Escolar.
No dia 19/01, aconteceu uma marcha em busca de reformas fundamentais na política agrícola da União Europeia. “Nesta Marcha, intitulada “Estamos de saco cheio!”, que acontece pelo terceiro ano consecutivo, 25 mil pessoas, entre agricultores, consumidores e apicultores marcharam juntos para não colocar os interesses da indústria no coração da política, mas os interesses dos consumidores e dos agricultores, os animais e a natureza e a proteção ambiental em primeiro lugar neste momento de reforma da política agrícola na Europa”, explica Daniele.
Ela conta que durante o protesto, fez uma intervenção – como entidade apoiada por PPM e pelos agricultores/as familiares. “Falei sobre os desafios como pequenos agricultores, mas também as possibilidades de construção de uma sociedade mais justa e inclusiva, a partir do empoderamento da sociedade civil e de investimentos feitos pelo governo na produção de alimentos”.
PPM continuará na luta por mudanças na política agrícola da União Europeia. “A manifestação e os demais painéis foram apenas uma etapa nesse caminho que é longo”, conclui Daniele.
Fonte: Processo de Articulação e Diálogo, PAD
Foto Arquivo FLD ilustrativa: CAPA defende a biodioversidade através da agroecologia