Antes mesmo do início oficial do 9º Encontro Ampliado da Rede Ecovida, no dia 20 de abril, que contou com a parceria do Centro de Apoio ao Pequeno Agricultor (CAPA), cada um dos 28 núcleos presentes foi convidado a participar da pedagogia “eu anuncio e eu denuncio”, registrando ações que fortalecem e as que fragilizam a prática da Agroecologia. No momento da abertura do encontro, os painéis coletivos foram fixados ao lado do palco para melhor visibilidade das mais de 1.500 pessoas que vieram a Marechal Cândido Rondon (PR), para dialogar sobre “Agroecologia em rede: cultivando a vida”, tema central do encontro ampliado que se realiza a cada dois anos.
“A Rede Ecovida de Agroecologia é um espaço de articulação entre agricultoras e agricultores familiares ecologistas e suas organizações”, explicou o agricultor Laércio Meirelles. “Nela estão incluídas organizações de assessoria e de pessoas envolvidas com a produção, o processamento, a comercialização e o consumo de produtos ecológicos.” Segundo ele, a Rede vem trabalhando há mais de 15 anos na construção da Agroecologia no Sul do Brasil.
O CAPA/Núcleo Marechal Cândido Rondon foi o principal organizador do encontro realizado de 20 a 22 de abril, no Parque de Exposições da cidade paranaense. Paralelo ao evento da Ecovida, aconteceu o Encontro Regional de Agroecologia. As atividades estendem-se além do parque, incluindo salas da UNIOESTE para a realização de oficinas e a Escola Criança Feliz, onde as crianças que vieram com suas mães e pais participaram do Encontrinho.
Seminários temáticos
Logo após a abertura, a plenária do Encontro Ampliado constituiu grupos menores, reunidos em seminários e nas 33 oficinas com temas diversos. Entre elas, as mais procuradas foram: Noções básicas de astronomia e calendário agrícola; Uso de esterco fervido como alternativa de adubação; Gastronomia orgânica e segurança alimentar nutricional; e Como a academia deveria contribuir para que agroflorestas agroecológicas sustentem mais agricultoras e agricultores familiares? Construção participativa de parcerias.
Três seminários atraíram pessoas interessadas em 1. Mulheres: Gênero e Agroecologia; 2. Formação, Juventude e o Futuro da Rede Ecovida; e 3. Certificação. O segundo, coordenado pela jovem Fernanda Marfil, reuniu jovens que dialogaram sobre o tema e construíram várias conclusões a serem apresentadas no último dia do encontro. “A Agroecologia é um caminho para a juventude voltar ao campo e permanecer nele”, afirmou o participante Valdemar Arl. “Ela abrange um sistema que inclui toda a cadeia produtiva, desde plantar até industrializar e realizar a comercialização do produto”. A síntese da reunião foi apresentada em um painel a partir da metodologia de facetação gráfica.
Na Casa Cultural do Parque, uma grande roda de mulheres conversou sobre Gênero e Agroecologia. “O papel que a sociedade nos impõe é de ajuda e de desvalorização”, disse uma das facilitadoras da reunião, Sandra Rocha Rodrigues. “A nossa luta é cotidiana e dura, inclui desde as pequenas coisas até a raiz do capital. Ela deve ser pensada em todos os espaços em que se vive”.
Texto: Cláudia Dreier