O Dia Mundial da Alimentação, 16 de outubro, criado pela Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação em 1945, é oportunidade de refletir sobre a Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional dos povos, incluindo os povos indígenas. Nesta perspectiva o Centro de Apoio e Promoção da Agroecologia (CAPA), núcleo de Santa Cruz do Sul, atua, desde 2003, junto a duas comunidades indígenas Kaingang no município de Salto do Jacuí, uma na área urbana outra na localidade de Júlio Borges.
Em consonância com a data, as integrantes da equipe do CAPA, a nutricionista Melissa Lenz e a enfermeira Grasiela Michels estiveram desenvolvendo atividades nestas comunidades, com a entrega de kits que incluíam ramas de duas variedades de mandioca, mudas de três variedades de batata doce e uma variedade de cana-de-açúcar.
Algumas das variedades, como as de mandioca e a cana-de-açúcar, foram doadas por agricultores também assessorados pelo CAPA. Já as mudas de batata doce, foram doadas através de uma parceria entre horto florestal da Afubra e CAPA. As doações destes materiais para cultivo fazem parte das linhas de atuação da entidade nas áreas de saúde coletiva, plantas medicinais, soberania, segurança alimentar e nutricional das famílias envolvidas.
Ainda, é realizada periodicamente a avaliação nutricional de todas as crianças Kaingang de 0 a 12 anos de idade. Baseado nos resultados, as mães recebem orientações sobre a saúde nutricional de seus filhos e para aqueles que estão abaixo do seu peso ideal, recebem a multimistura, complemento alimentar, e são orientadas a usar na alimentação de crianças a partir dos dois anos. Como resultado, muitas crianças saíram do risco nutricional e do baixo peso.
Na mesma linha de atuação com os indígenas, é realizado um trabalho com plantas medicinais, no qual o papel é resgatar o saber popular das famílias Kaingang, aliando esse conhecimento aos estudos científicos quanto a sua identificação, ao cultivo, a coleta, o uso correto e seguro. Assim, promovem-se os saberes sobre os chás para resolver pequenos e leves problemas de saúde. Juntamente com o aprendizado sobre as plantas medicinais ocorre a capacitação em preparados caseiros, como sabonetes, pomadas, xaropes e tinturas para uso e consumo da família ou grupo.
Os impactos deste trabalho incluem aumento da segurança alimentar e nutricional, saúde e qualidade de vida para as famílias, respeitando a sua cultura e diversidade alimentar.
Texto: Nathana Guedes / Fotos: Grasiela Michels / CAPA Santa Cruz do Sul