
Em duas importantes agendas no Paraná, o projeto reforçou seu compromisso com a soberania alimentar e a agrobiodiversidade.
Por Assessoria de Comunicação FLD
Fotos: Fernando Diniz e Micheli Becker
A 35ª Romaria da Terra, em Mandirituba, e a 22ª Jornada de Agroecologia do Paraná, em Curitiba, marcaram a agenda de agosto no estado do Paraná, com debates e práticas voltadas à agroecologia, à soberania alimentar e à preservação de sementes tradicionais. Os encontros reuniram agricultoras e agricultores, povos indígenas, comunidades kilombolas, movimentos e organizações sociais, dentre outros grupos. O projeto OPANÁ: Chão Indígena esteve presente em ambos os eventos, contando com a participação de lideranças indígenas das comunidades Guarani e representantes da equipe, como parte do objetivo de intercâmbio de sementes que também contempla o projeto.
35ª Romaria da Terra
O evento foi realizado no último domingo, dia 17, na sede da Associação Brasileira de Amparo à Infância (ABAI), em Mandirituba, organizado pela própria associação em parceria com a Comissão Pastoral da Terra (CPT) e a Diocese de São José dos Pinhais. A atividade contou com apoio da Rede de Sementes da Agroecologia (ReSA), da Prefeitura de Mandirituba e de Pão para o Mundo.
Cerca de 1.800 pessoas participaram da programação, que teve como foco a preservação da agrobiodiversidade e a proteção das sementes tradicionais. Estiveram presentes diversas comunidades kilombolas e indígenas do Paraná, dentre as quais as comunidades Guarani Araçaí e Guaviraty, integrantes do projeto OPANÁ. A troca de sementes e de saberes entre os povos marcou o encontro, reforçando práticas tradicionais de cultivo e conservação.
Para Ines Fátima Polidoro, agente da CPT e guardiã de sementes tradicionais, a Romaria da Terra deste ano teve como característica marcante as vivências realizadas em um espaço preservado. Ao todo, foram 14 atividades que proporcionaram experiências junto à Casa das Sementes, às nascentes e em dinâmicas com crianças e jovens em situação de vulnerabilidade social. “Um dos principais pontos foi a troca e a convivência com as comunidades originárias e tradicionais. Tivemos vivências com povos kilombolas, povos de faxinal, povos indígenas”, destacou.
Segundo ela, a Romaria também reafirmou a centralidade do cuidado na prática da agroecologia. “O sentido da agroecologia é pensar no cuidado com a terra, mas não apenas. É também o cuidado com as pessoas e a luta contra a fome, por uma nutrição saudável, sem agrotóxicos e sem transgênicos. Afinal, pensar o meio ambiente é também pensar a questão social”, afirmou.
22ª Jornada de Agroecologia do Paraná
Na semana anterior, entre os dias 6 e 10 de agosto, o OPANÁ também esteve presente na 22ª Jornada de Agroecologia do Paraná, realizada no campus Centro Politécnico da Universidade Federal do Paraná (UFPR), em Curitiba. O encontro reuniu, ao longo de seus cinco dias de realização, cerca de 30 mil pessoas, para debater estratégias de enfrentamento à crise ambiental e promoção da soberania alimentar, além do fortalecimento de práticas agroecológicas em suas diversas vertentes.
A programação contou com conferências de lideranças como Makota Celinha, Leonardo Boff e João Pedro Stédile, além de inúmeras apresentações culturais, seminários, oficinas, shows e a tradicional Feira da Agrobiodiversidade. Ao final do evento, foi elaborada uma carta, sob o título “Por Vida, Justiça Social e Soberania dos Povos”, que apresenta a visão e as proposições das mais de 60 organizações que fizeram parte da organização da Jornada.
O projeto OPANÁ participou do evento com uma comitiva de 35 pessoas do oeste do Paraná, entre representantes das comunidades Avá Guarani e equipe. A participação no evento possibilitou às pessoas a troca de experiências, o fortalecimento de vínculos entre territórios e a ampliação do diálogo sobre produção agroecológica e saberes tradicionais.
