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Jovens alemães visitam famílias agricultoras agroecológicas no Paraná
10 de abril de 2023 Comunicação FLD

Banana, beterraba, cenoura, mandioca, feijão, diversidade! A diversidade de alimentos produzida por agricultoras e agricultores do Oeste e Sudoeste do Paraná impressionou um grupo de jovens alemães que esteve em intercâmbio no Brasil entre os dias 26 de março e 9 de abril.

A variedade de alimentos encontrada pelo grupo estrangeiro é resultado do cultivo em sistemas agroecológicos, onde o uso de agrotóxicos e adubos sintéticos foi abolido pelas famílias em nome da saúde e da qualidade de vida. 

O intercâmbio com famílias agricultoras e com outras e outros jovens do Brasil teve a segurança alimentar e a sustentabilidade como tema. O projeto é realizado pelo programa Centro de Apoio e Promoção da Agroecologia (CAPA), da Fundação Luterana de Diaconia (FLD), e pela Juventude Rural da Baviera (ELJ), e tem apoio do governo alemão. 

Outra agricultura possível

A monocultura de grãos, como soja e milho, era o que vinha à cabeça do jovem engenheiro alemão Philipp Weglehner, 23 anos, quando o assunto era a produção agrícola brasileira. Mas isso foi antes da viagem. Aqui ele está conhecendo experiências como a de Plácio e Helene Braun e a de Erci e Lorita Sonntag. 

Ambas famílias agricultoras hoje produzem alimentos com o selo de certificação orgânica, onde a saúde delas mesmas, das pessoas que consomem seus alimentos, e do próprio lugar onde vivem estão em primeiro lugar. “Quando chegamos nas propriedades, na mesma região e clima das grandes monoculturas, você se sente num mundo totalmente diferente”, comentou Philipp.

A família Braun contou a Philipp, e ao grupo de jovens, o caminho que percorreu desde a saída da produção de leite em sistema integrado até a produção orgânica de banana e panificados. Neste ano, a família prevê comercializar dez mil quilos da fruta, de quatro variedades diferentes. Na visita a Erci e Lorita, o casal lembrou do período em que pensaram vender o sítio e ir morar na cidade, e de como encontraram um novo sentido à vida ao iniciar o cultivo de hortaliças orgânicas.

A comercialização para merenda escolar chama atenção de jovem

A jovem alemã Lea Schweitzer, 33 anos, trabalha como assistente social com refugiados no norte da Baviera. Se ela pudesse reproduzir em seu país uma experiência rondonense para tornar mais acessíveis os alimentos orgânicos em sua comunidade, seria a da Associação Central de Produtores Rurais Ecológicos (Acempre).

Segundo ela, na Alemanha, não existe uma loja como a da Acempre, em que o preço dos alimentos agroecológicos é, em sua maioria, o mesmo dos alimentos convencionais de supermercados. Assim como também não há uma legislação em que o governo é obrigado a priorizar os produtos sem utilização de agrotóxicos da agricultura familiar. “Seria muito importante realizar isso na Alemanha também”, afirmou. 

A experiência do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) no município de Marechal Cândido Rondon, regulamentada pela Lei Municipal 4904, tem sido difundida como exemplo para outros municípios brasileiros.

Agroecologia e juventude no campo

Os desafios a serem trabalhados para a permanência da juventude no campo motivaram as juventudes a visitarem a propriedade da Família Cagnini, no município de Verê, onde o jovem Eduardo Cagnini está buscando encontrar alternativas de renda para permanecer no campo.

Segundo o jovem Sebastian Lieret, 32 anos, a questão também motiva ações e debates no país europeu. “Na Alemanha, há muitas vezes o problema de que os jovens deixam o campo para a cidade e não há um sucessor para a fazenda. É por isso que os jovens agricultores merecem meu maior respeito e reconhecimento”. 

No Sudoeste

O grupo de intercambistas visitou ainda o moinho artesanal da Família Carniel, que fabrica fubá e quirera orgânicos a partir de sementes tradicionais, e a propriedade Mina D’Água, que realiza o cultivo de frutíferas e flores, especialmente orquídeas e suculentas. Esteve também em um acampamento do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, em Quedas do Iguaçu, onde visitou uma escola do campo e uma agroindústria de açaí. Em Dois Vizinhos, a juventude foi recebida pela família Miola, uma das maiores guardiãs de sementes do Brasil. No último dia na região, o grupo esteve no campus da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), em Laranjeiras do Sul, dialogando com docentes e estudantes

Aprendizado e engajamento social

A parceria entre CAPA e ELJ já tem mais de 20 anos. Friedel Röttger, pedagogo e parte da coordenação da ELJ, ressalta que, além de acessar uma experiência única, que para muitas e muitos é a viagem de suas vidas, a juventude retorna para a Alemanha e multiplica impressões e conhecimentos da experiência vivida e se torna mais aberta para participar de causas sociais e ambientais. 

“Apesar de virmos de países muito distantes, é impressionante como conseguimos trabalhar em conjunto”, destaca Friedel. Em setembro de 2022, o mesmo grupo de jovens do Brasil, que agora está recebendo a Juventude da Baviera no Paraná, esteve na Alemanha com o mesmo intuito.

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