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Encontro de culinária africana resgata conhecimento ancestral

                 

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Encontro de culinária africana resgata conhecimento ancestral
14 de julho de 2022 Comunicação FLD

Aconteceu nos dias 04 e 05 de junho, o 5º Ipadê – Encontro de Culinária Africana e Kilombola, na Comunidade do Algodão, em Pelotas, integrando as atividades da 18º Semana do Alimento Orgânico.

O encontro reuniu cerca de 100 pessoas, de diversas comunidades kilombolas da região e este ano contou também com a participação de 50 integrantes da Comunidade Kilombola Rincão dos Negros, de Rio Pardo.

De acordo com o agente cultural e mestre de capoeira de FLD/CAPA, Daniel Roberto Soares ‘Mestre Preto’, são vários os aspectos que merecem destaque no Ipadê e que fazem deste encontro um evento tão importante para as comunidades da região. “Acredito que o Ipadê é um dos eventos em que a gente consegue manter os aspectos culturais, onde conseguimos trabalhar a nossa escola aberta preta, kilombola, no nosso conceito de tempo e na nossa concepção de organização, que é bem diferente da escola e do modelo branco, europeurizado”, destaca Preto.

Segundo Preto, outro ponto importante e diferente desta edição foi a grande participação das crianças, que cada vez mais se sentem integradas. “As crianças negras participaram do início ao fim do encontro, se akilombaram no kilombo e vivenciaram todos os momentos e isso é fundamental para elas terem a possibilidade de conhecer as nossas coisas, entender as nossas palavras, o que a gente pensa, como a gente se organiza e isso é fundamental para enfrentar o sistema”. Pretto destaca ainda a linguagem utilizada no encontro, onde as pessoas conseguiram falar um pouco mais próximo da sua língua e do seu jeito, que infelizmente no dia a dia se perde. “A manutenção da cultura viva e o fortalecimento dos laços são, sem dúvida, os aspectos mais importantes do Ipadê”, finaliza.

A presidenta da Associação do Kilombo Rincão dos Negros, Joelita David, falou sobre como foi importante a participação da sua comunidade no encontro. “Foi lindo de ver os mais velhos, com mais de 80 anos, contando suas vivências e histórias, fortalecendo e chamando os mais novos a buscar condições melhores de vida para o povo kilombola”, disse.

O encontro e o intercâmbio entre as comunidades tem como princípio fundamental o resgate e a valorização da culinária tradicional e ancestral, com base na identidade africana e kilombola, mas também proporciona diversas atividades e vivências, trocas de sementes, diálogos sobre espiritualidade, formação política, troca de conhecimento agroecológico e atividades com mulheres e jovens.

As pessoas participantes tem a oportunidade de debater sobre o tema da produção agroecológica e preparo da alimentação como estratégia de fortalecimento da segurança alimentar. Cada comunidade traz alimentos, os quais são preparados, no formato de oficinas, durante o encontro. São realizadas diversas atividades e rodas de conversa sobre formação política, medicina tradicional campeira, ancestralidade e dialetos de matriz africana.

A organização e execução do evento junto com as lideranças das Comunidades, a apropriação nas rodas de conversa, nas oficinas práticas de preparo de alimentos tradicionais e nas trocas de experiências, assim como as decisões a respeito do próximo encontro, são avanços significativos de empoderamento, demonstrando o protagonismo das famílias e suas comunidades.

Participaram desta edição pessoas das Comunidades Kilombolas Cerro das Velhas e Moçambique, de Canguçu; Monjolo, Boqueirão e Coxilha Negra, de São Lourenço do Sul, Madeira de Jaguarão; Algodão, de Pelotas, além do Kilombo Rincão dos Negros, de Rio Pardo.

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