Para ter Comida boa na Mesa, utilize produtos ecológicos da agricultura familiar
Santa Cruz do Sul/RS – Nas últimas décadas, o Brasil passou por diversas mudanças, tanto na área politica como nas áreas econômica, social, ambiental e alimentar. No que se refere a nossa alimentação, temos retrocessos. Em meio a uma sociedade cada vez mais preocupada com a saúde, nos deparamos com dados alarmantes que demonstram um aumento da insegurança alimentar e de doenças crônicas degenerativas. E nos perguntamos: se todos querem mais saúde e segurança alimentar e nutricional, por que estamos adoecendo mais?
Nessa esfera de insegurança alimentar, o Brasil bateu novamente o recorde de uso de agrotóxicos para a produção de alimentos onde, em média, cada brasileiro ingere 7,3 litros de agrotóxicos anualmente, devastando a nossa terra, poluindo a nossa água e acabando com a saúde de quem produz e de quem consome alimentos contaminados.
Precisamos nos fortalecer enquanto organizações preocupadas com o presente e com o futuro do nosso planeta. A tarefa é árdua e por vezes desanimadora, mas precisamos, através de organizações, como a Articulação em Agroecologia do Vale do Rio Pardo (AAVRP), da qual o CAPA faz parte, não aceitar o que vem acontecendo e devastando o nosso país. Em reunião ocorrida em agosto deste ano, a AAVRP divulgou uma Nota de Repúdio ao anteprojeto do Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA), que propõe o controle privado das sementes crioulas. Se aprovado, este projeto dará ao MAPA poderes de controlar as sementes crioulas, por meio da obrigatoriedade de registro de variedades e raças num banco de dados, possibilitando que grandes empresas se apropriem dessas sementes e de outros produtos da biodiversidade. Precisamos lutar pela autonomia produtiva e pela vida das agricultoras e dos agricultores familiares. As sementes crioulas são do POVO e com o POVO devem ficar.
Dia 16 de outubro comemoramos o Dia Mundial da Alimentação. Nesta data acontecem eventos ao redor do mundo que reforçam a importância do tema, mas precisamos refletir sobre isso diariamente. O modelo tecnológico produtivista atual nos “joga” em um consumo desenfreado, um capitalismo que não mede consequências e que gera alimentos cada vez mais contaminados. Nesse sistema, cada vez mais agricultoras e agricultores familiares, bem como Povos e Comunidades Tradicionais, perdem seus direitos e, como consequência, aumenta a insegurança alimentar, que acaba com a nossa saúde e promove doenças.
Precisamos de “COMIDA BOA NA MESA”, comida de verdade, produzida pela agricultura familiar, com base agroecológica, que respeita a diversidade alimentar de cada região, que preserva o meio ambiente e que proporciona saúde e qualidade de vida a todas as pessoas.
Nutricionista Melissa Lenz, coordenadora do CAPA/Núcleo Santa Cruz do Sul