Erexim/RS – O trabalho de manusear abelhas sem correr o risco de levar ferroadas é realidade na região do Alto Uruguai (RS). As abelhas sem ferrão estão presentes em quase todos os municípios da região, sem haver um levantamento oficial indicando qual a produção. A atividade não é tão recente, mas ainda também não está concretizada de acordo com o engenheiro agrônomo da Emater Regional, Valmir Dartora.
Segundo ele, muitos produtores optam por esta atividade como hobby ou como prática complementar das atividades rurais, que não tem como produção principal a produção de mel. Como a produção de mel é inferior do que a produção Apis, apesar de ser muito mais rentável, os produtores direcionam sua criação de abelhas para outros objetivos, entre eles a polinização.
Produtoras e produtores familiares, que têm consórcio de abelhas sem ferrão e produção de morangos, podem ter aumento na produção do fruto de até 20%, devido à polinização do morango. Este é o caso do produtor rural Evando Cantelle. Ele conta que seu avô e seu pai já trabalhavam com abelhas Apis e depois incluíram uma espécie sem ferrão (Jataí).
Ele sempre acompanhou os trabalhos. Mas foi em 2014, quando participou de uma palestra ministrada pelo Centro de Apoio e Promoção da Agroecologia (Capa) que começou a adquirir outras espécies. “A partir deste curso comecei a ter mais conhecimento sobre o assunto e buscar por outras espécies. No começo foi para ter uma coleção mesmo, por hobby”, diz.
Cantelle multiplica os enxames, para depois comercializá-los. “O valor de um enxame varia de R$ 150 até R$ 450. Leva em torno de seis meses para formar um. A divisão é trabalhosa, feita com três caixas da mesma espécie”, explica. O lucro é usado para a aquisição de novas espécies.
Aliado à comercialização de enxames, Cantelle possui 12 hectares destinados à fruticultura – laranja, pêssego, maçã, ameixa e caqui – e a outros produtos, como o chuchu que, com a polinização, aumentou sua produção em 70%.
Rosa Libermam / www.jornalbomdia.com.br / 18 de agosto de 2016