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Aniversário de 35 anos do CAPA tem duas comemorações na zona Sul do RS
2 de junho de 2013 zweiarts
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Dois cultos festivos – um em Canguçu (RS) e outro em São Lourenço do Sul (RS), realizados respectivamente nos dias 2 e 9 de junho – marcaram os 35 anos do Centro de Apoio ao Pequeno Agricultor (CAPA). “Por terem sido as comunidades que nos acolheram, onde começamos o trabalho na região e onde as pessoas eram mais receptivas é que estamos novamente nas localidades do Remanso e do Faxinal, para celebrarmos juntos estes 35 anos de trabalho”, disse Ellemar Wojahn, um dos fundadores do CAPA.

Dentre os presentes nas celebrações estiveram alguns dos agricultores que primeiro foram atendidos pela organização. Dona Norma Krumreich disse que estava “muito feliz por participar da celebração e muito agradecida pelo trabalho realizado com eles há tantos anos e que os frutos colhidos hoje são graças ao empenho e dedicação aos agricultores por mais de três décadas”. Segundo ela, os agricultores possuíam muitas dificuldades com o cultivo da terra e a produção de alimentos que foram superados aos poucos com os esforços conjuntos.

A coordenadora do CAPA/Núcleo Pelotas, Rita Surita, lembrou o quão difícil foram os primeiros anos de trabalho, quando a Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB) apresentava uma nova maneira de atender aos seus membros, somando aos cultos e a fé também o trabalho de assistência técnica para os agricultores familiares membros de suas comunidades. “Os primeiros anos de trabalho não foram fáceis, porque a proposta que a IECLB estava trazendo era muito inovadora e nós não éramos bem recebidos e compreendidos. Nem os próprios pastores e também grande parte das comunidades aonde íamos para apresentar o nosso trabalho entendiam ou queriam fazer parte dele”.

Rita lembrou ainda que não eram apenas as dificuldades com a proposta apresentada, mas também com relação aos recursos financeiros, a falta de organização social e com relação ao acesso às localidades. “Não tínhamos muito dinheiro para desenvolvermos as atividades e os agricultores também não estavam organizados e não conheciam experiências de sucesso com associativismo ou cooperativismo. Tirá-los de casa, para deixar as suas tarefas na lavoura e participar de cursos e reuniões também não era fácil”, relembra.

Durante as celebrações, o pastor sinodal Dietmar Teske, do Sínodo Sul-Riograndense da IECLB, trouxe nas suas meditações passagens bíblicas e histórias que lembram e falam da importância do cuidado com a terra e tudo que nela há, que são dádivas de Deus e que portanto devem ser preservadas, bem cuidadas e repartidas entre todos. Além do pastor sinodal, participaram dos cultos a pastora Roseli Buchmayer, em Canguçu, e o pastor Ildomar Reinke, em São Lourenço do Sul.

Nestes 35 anos de trabalho, muitos frutos foram colhidos. O CAPA participou da fundação de várias cooperativas nos municípios da zona sul do Estado, como da Coopar e da Cresol em São Lourenço do Sul, da Cooperativa Sul Ecológica em Pelotas, da Unaic e da Cooperativa União em Canguçu, além de associações em todos estes municípios.

O seu trabalho prioriza ações nas áreas de segurança alimentar e agroecologia; saúde comunitária e plantas medicinais; geração de renda; gênero; resgate histórico, cidadania, cultura e etnia. Ainda, busca a participação e representação social dos agricultores familiares, quilombolas, pescadores artesanais, indígenas e assentados da reforma agrária como instrumento decisivo de visibilidade pública, para servir como base de acesso a políticas públicas.

Após as celebrações, foram distribuídos bolo aos presentes, sementes e canetas ecológicas confeccionadas especialmente para os 35 anos do CAPA.

Saiba mais

O CAPA é uma organização da sociedade civil criada em 1978, que busca contribuir de forma decisiva para a prática social e de serviço junto a agricultores familiares e outros públicos ligados à área rural. Trabalha-se pela afirmação da agricultura familiar como parte de uma estratégia de desenvolvimento rural sustentável.

O respeito à diversidade – biológica, cultural, étnica e religiosa – é fundamental para a manutenção da vida e para a construção de independência e de autonomia. Atualmente, o trabalho do CAPA atende agricultores familiares, agricultores assentados, quilombolas, indígenas e pescadores profissionais artesanais, organizados em grupos, associações comunitárias e cooperativas. Sua atuação se dá em diferentes regiões dos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, por meio de cinco núcleos ligados em rede. As equipes técnicas são multidisciplinares e prestam assessoria na organização social e política, na formação e nas diversas etapas da cadeia produtiva desde a produção até a comercialização, junto às famílias beneficiadas.

Através da parceria com a Fundação Luterana de Diaconia (FLD) é realizado monitoramento e avaliação constante do trabalho. Também é através da FLD que o CAPA recebe apoio financeiro da Organização Protestante para a Diaconia e o Desenvolvimento (Evangelisches Werk für Diakonie und Entwicklung), com sede Berlim (Alemanha), uma organização que visa o desenvolvimento sustentável e vida digna a todas as pessoas.

 

Texto: Rocheli Wachholz

Fotos: Elias Wojahn