Santa Cruz do Sul – “Além do alimento ser limpo e livre de venenos é muito importante saber como prepará-lo para termos uma mesa realmente farta e saudável”, afirma Sigard Hermany, coordenador do Centro de Apoio e Promoção da Agroecologia (CAPA) núcleo Santa Cruz do Sul (RS). Entre os projetos deste núcleo está o de Saúde Comunitária, reunindo mais de 330 mulheres que potencializam suas habilidades em criar cardápios com vitalidade e saúde.
Duas empolgadas participantes desse projeto, Claire Valmi Schlabitz e Liliane Gonçalves Driemeier, estiveram em Porto Alegre para participar do Seminário do CAPA e do lançamento da Campanha Comida Boa na Mesa.
Claire teve uma grata surpresa quando reconheceu a sua comida em um painel de divulgação da campanha. “Veja a minha netinha Rafaela, eu e meu marido Siegmundo sentados à nossa mesa!”
Ela participa do projeto desde quando ele foi agregado aos encontros da Ordem Auxiliadora de Senhoras Evangélicas (OASE), da Igreja Evangélica de Confissão Luterana do Brasil (IECLB), na cidade de Teotônia (RS). “No início fazíamos apenas pomadas naturais, tinturas de ervas e xaropes, depois começamos a conhecer melhor o valor nutricional dos ingredientes e preparar as receitas para fazer em casa”, esclarece Claire.
A mudança de antigos para novos hábitos mais saudáveis é lenta e requer perseverança. “Antes de vir para este evento, ofereci para a Rafaela um pão com chimier de goibada, que eu mesma fiz. Ela disse que preferia melado. Meu outro netinho de três anos comentou: come mana é bom. Só assim ela quis experimentar e acabou concordando com o Bernardo.” Neste caso, e em muitos outros, o exemplo fez toda a diferença.
“O amor nos faz colocar uma comida boa na mesa”, comenta Liliane, monitora de saúde comunitário que faz parte da equipe técnica do CAPA acompanhando os 16 grupos que integram o projeto. “Levamos informações às participantes dos grupos orientando-as para que aproveitem alimentos alternativos como as PANCs, plantas alimentícias não convencionais , que eram utilizados pelos índios e escravos.”
Melissa Lemz, nutricionista, e Graciela Michels, enfermeira, ambas da equipe do CAPA coordenam o projeto. “A dinâmica de nossos encontros mensais consiste em uma palestra inicial seguida pelo preparo de uma receita”, diz ela.
Os frutos do projeto são fartos. A maioria das participantes voltou a ter a sua horta orgânica, cultivando temperos verdes, couve, alface, cenouras. Mudanças na alimentação também trouxeram significativas melhoras na saúde das pessoas. “Uma dieta rica em água, linhaça e alimentos integrais permitiu resolver problemas como constipação e dores de cabeça”.
Esse trabalho ultrapassou o âmbito da OASE e agora fazem parte do projeto grupos mistos, de mulheres urbanas, de mulheres rurais e de agentes comunitárias e comunitários de saúde.